Milhares de pessoas participaram esta segunda-feira, em todo o mundo, em marchas que assinalaram o 1º de Maio, mas em algumas cidades, como Paris, Istambul e Turim, as comemorações ficaram marcadas pela violência.

Lisboa: “Trabalho é um direito”

Milhares de pessoas desfilaram esta segunda-feira em Lisboa, para lembrar que “o trabalho é um direito” e que “a luta continua” porque “maio está na rua”, numa marcha organizada pela central sindical CGTP-IN. Marcada para sair do Largo do Martin Moniz às 14h30, era já perto das 16h00 quando o desfile do 1º de Maio passou ao lado do Intendente. Na frente da marcha, seguiu o líder da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional, Arménio Carlos, ladeado por outros membros da plataforma sindical. Em passo lento, empunhando bandeiras e faixas, várias palavras de ordem em contexto de luta de trabalhadores fizeram-se ouvir.

A CGTP comemorou na segunda-feira o Dia do Trabalhador com iniciativas festivas e de protesto em 40 localidades, em defesa da “Valorização do Trabalho e dos Trabalhadores”, enquanto a UGT escolheu Viana do Castelo para assinalar a data.

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Paris: os cocktails molotov de jovens encapuzados

A menos de uma semana da segunda volta das eleições presidenciais em França, o desfile do 1º de Maio ficou marcado, em Paris, com confrontos entre jovens encapuzados e a polícia. Algumas centenas de manifestantes, mascarados e encapuzados atiraram projéteis e cocktails molotov contra as forças de segurança, que responderam com gás lacrimogéneo, tendo, pelo menos, três polícias ficado feridos. A polícia conseguiu separar os jovens dos sindicalistas, que continuaram o desfile separadamente.

Istambul: 165 pessoas detidas

Na Turquia, 165 pessoas foram detidas pela polícia, em Istambul, a maioria por tentarem desfilar na praça Taksim, desafiando a proibição de realizar neste local manifestações no 1º de Maio. Pelo terceiro ano consecutivo, a praça Taksim foi declarada fora dos limites das manifestações e a polícia bloqueou os pontos de entrada, permitindo apenas que pequenos grupos de representantes sindicais colocassem coroas de flores num dos monumentos. Os principais sindicatos turcos concordaram realizar em Istambul e Ancara as manifestações em locais designados pelo governo, mas pequenos grupos tentaram chegar àquela praça.

Turim e Liège: tensão e um esfaqueamento

Também na cidade italiana de Turim um grupo de manifestantes enfrentou a polícia durante a manifestação do Dia Internacional dos Trabalhadores, tendo-se vivido momentos de tensão devido aos confrontos. O grupo tentava atravessar uma barreira policial durante a manifestação quando começaram os desacatos. Em Liège, na Bélgica, o porta-voz do Partido dos Trabalhadores do país foi esfaqueado durante um comício.

Madrid: milhares saíram à rua

Em Espanha, os dois principais sindicatos realizaram marchas para assinalar o 1º de Maio em mais de 70 cidades espanholas com o mote “Não há mais desculpas” e pediram ao governo para aumentar os salários e pensões. Milhares de pessoas desfilaram nas ruas de Madrid, numa marcha em que foi liderada pelo secretário-geral da CCOO – Confederação Sindical das “Comisiones Obreras”, (historicamente ligada ao Partido Comunista), juntamente com o líder da União Geral de Trabalhadores (UGT – ligada ao PSOE).

Moscovo: duas marchas e mais de um milhão e meio na rua

Em Moscovo realizaram-se duas marchas para assinalar o 1º de Maio, que reuniram mais de um milhão e meio de russos no centro de Moscovo, desfiles que contaram com uma adesão superior a anos anteriores, segundo a agência de notícias Interfax. Ambas inspiradas na nostalgia dos tempos soviéticos, os manifestantes agitaram bandeiras comunistas e retratos de Lenin, ao som de bandas de música.

Berlim e Atenas: manifestações pacíficas e greve geral assinalada

Milhares de pessoas também celebravam o 1º de Maio na capital alemã sem registo de violência, apesar da polícia estar preparada para essa possibilidade.

Na Grécia, milhares de pessoas manifestaram-se junto ao parlamento em Atenas, no dia em que elementos do governo se reuniram com os credores para discutir mais um pacote de austeridade. Para protestar contra este novo programa de austeridade, o maior sindicato grego convocou uma greve geral para o dia 17 de maio.

Havana: bandeira norte-americana protagonista de marcha

Em Cuba, o maior evento político anual do país ficou marcado quando um homem, envergando uma bandeira norte-americana, rompeu a segurança e colocou-se à frente das dezenas milhares e pessoas que participavam na marcha, que era assistida pelo Presidente Raúl Castro.

Venezuela e África do Sul: desafios e tumultos

Na Venezuela, a oposição organizou uma marcha para celebrar o primeiro mês de protestos contra o Presidente Nicolas Maduro e desafiar o poder que tradicionalmente organiza grandes desfiles no 1º de maio.

Já na África do Sul, as comemorações ficaram marcadas por tumultos e com o principal sindicato do país a pedir a demissão ao Presidente Jacob Zuma. Todos os discursos programados para o evento foram cancelados.