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Do FBI para o Estado Islâmico. A história de Daniela Greene, a tradutora do FBI que casou com um terrorista

Este artigo tem mais de 5 anos

Daniela Greene era uma tradutora do FBI mas fugiu para a Síria em 2014, para casar com um militante do Estado Islâmico. Arrependeu-se e voltou para os EUA, para a prisão. Foi libertada no ano passado.

Ao todo, Greene passou dois meses e meio casada com um militante de topo do Estado Islâmico e contactou com os EUA por email neste período
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Ao todo, Greene passou dois meses e meio casada com um militante de topo do Estado Islâmico e contactou com os EUA por email neste período

EPA/EPA

Ao todo, Greene passou dois meses e meio casada com um militante de topo do Estado Islâmico e contactou com os EUA por email neste período

EPA/EPA

Daniela Greene era uma tradutora do FBI e, em 2014, fugiu para a Síria para casar com um militante do Estado Islâmico. Mentiu às autoridades sobre o motivo e o destino do voo e terá, também, avisado o namorado de que este estava sob investigação. Acabou por se arrepender e regressar aos EUA — foi condenada por traição mas acabou por estar presa menos de dois anos.

A agente, que tinha acesso a informações confidenciais, mentiu ao FBI (Federal Bureau of Investigation) sobre o destino da sua viagem, em 2014 — disse que ia à Alemanha visitar os pais mas, na realidade, voou para a Turquia, antes de cruzar a fronteira para a Síria, revelam os registos do Tribunal Federal. O caso, que estava protegido por segredo de justiça, veio agora a público, por uma equipa de investigação da CNN, e trouxe ao de cima uma embaraçosa fuga de informação por parte do Departamento de Segurança Nacional americano.

Quem é Daniela Greene e qual o seu envolvimento nas operações contra-terroristas?

Daniela Greene, hoje com 38 anos, era uma tradutora ao serviço do FBI desde 2011. Foi destacada para um trabalho de investigação em Detroit, em 2014. O alvo: Indíviduo A – um terrorista do Estado Islâmico (EI). No âmbito da investigação que iniciou em 2014, Greene identificou várias contas online, números de telefone, e duas contas de Skype que pertenciam ao terrorista. E era a única com acesso a uma terceira conta de Skype do “indivíduo A”, revelam os documentos.

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Estabelecido o contacto, terá nascido uma relação entre os dois.

Ainda em 2014, preencheu um relatório oficial do FBI a declarar uma viagem ao estrangeiro – um documento que todos os funcionários com acesso a informações confidenciais têm de preencher para sair do país. Daniela, que era casada, declarou a viagem como se fossem “férias/pessoal”. Mais especificamente, explicou que ia visitar os pais a Munique, na Alemanha, sem o marido americano, que ficava nos EUA.

Contudo, o voo em que embarcou não a levou para a Alemanha, mas sim para Istambul, na Turquia. Daí, viajou para Gaziantep, a cerca de 30 quilómetros da fronteira com a Síria, confessa nos relatórios oficiais.

Contactou com o Indivíduo A, identificado como Denis Cuspert, que organizou a sua passagem da fronteira em segurança. Acabariam por casar.

Mas a aventura durou pouco tempo. Ao fim de algumas semanas, Greene contactou alguém nos EUA – os registos do tribunal não identificam a pessoa – a confessar que estava com dúvidas e a sentir que tinha quebrado a lei.

Eu fugi e não posso voltar. Estou num ambiente muito perigoso e não sei quanto tempo vou aguentar aqui, mas não importa, já é tarde demais.” – 9 de julho

Vou para a prisão por muito tempo se voltar, mas a vida é assim. Gostava de voltar atrás no tempo uns dias.” – 22 de julho

Greene ter-se-á arrependido na mesma altura em que foi publicado um vídeo (na mesma semana em que o último email de Daniela foi enviado) no qual Cuspert aparece a espancar um cadáver. Foi em 2014.

Semanas depois, sem se saber como, em detalhe, a ex-tradutora do FBI regressou a território norte-americano e foi detida e julgada por traição.

Denis Cuspert, o rapper alemão que virou jihadista

O homem com quem Greene casou não é um terrorista qualquer.

Denis Cuspert, também conhecido por Abu Talha al-Almani na Síria, é um rapper alemão que se tornou um recrutador para o Estado Islâmico. A sua influência nas operações online do EI já o tinha colocado no radar das autoridades internacionais em pelo menos dois continentes. Admirador de bin Laden, já tinha lançado ameaças ao ex-presidente norte-americano Barack Obama e foi protagonista de um vídeo de propaganda em que corta a cabeça a um homem capturado.

Antes de se juntar às fileiras jihadistas, Cuspert era conhecido na Alemanha por Deso Dogg, produto de uma imagem cultivada à sombra de rappers americanos. Foi um acidente, que o deixou às portas da morte, que o fez virar-se para a religião. Em 2010, deixou o rap e converteu-se ao Islamismo.

No mesmo ano em que Greene entrava para o FBI, Cuspert conquistava notoriedade no mundo extremista. Partilhou um vídeo que alegadamente mostrava violações a serem cometidas por soldados americanos a uma mulher árabe – o mesmo vídeo que incentivou um ataque terrorista no aeroporto de Frankfurt e tirou a vida a dois americanos.

Seria um ano mais tarde, em 2012, que chegava à Síria onde se tornou uma figura importante dentro do Estado Islâmico: responsável pelo recrutamento online.

Mais de trinta mil recrutas estrangeiros

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Dados avançados pelo New York Times, em 2015, estimam que mais de 30.000 pessoas foram recrutadas pelo Estado Islâmico sendo que o online é um dos meios mais usados pelo grupo extremista: seja para recrutamento ou propaganda.

Em outubro de 2015, o Pentágono confirmou a morte de Cuspert, vítima de um ataque aéreo perto da cidade síria de Raqqah, mostram os documentos oficiais. Quase um ano depois, a 3 de agosto de 2016, uma nova declaração confirmava que Cuspert tinha, afinal, sobrevivido ao ataque. A 4 de agosto, Greene era libertada após cumprir dois anos de prisão.

Não é claro quando é que as autoridades americanas tomaram conhecimento das atividades de Greene mas, cinco semanas após a sua fuga para a Síria, as autoridades decretaram um mandato para a sua captura – sem grandes anúncios.

A cooperação de Greene com as autoridades serviu como atenuante e terá contribuído para que tenha sido libertada mais rapidamente. Em audiências à porta fechada e com registos selados por segredo de justiça, a cooperação de Greene foi “significante, longa e substancial”, garantiu um procurador norte-americano.

“Depois de ter abusado da sua posição, a arguida tentou corrigir os seus erros e, por último, voltar a servir o seu país”, escreve o procurador.

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