O Presidente da República defendeu hoje um debate sobre a disparidade salarial de gestores de empresas do PSI 20 e de trabalhadores que permita corrigir “o problema”, mas “de uma forma que tenha presente a justiça social”.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, a disparidade salarial “é um problema que, no caso de Portugal, se torna mais evidente por ter muito poucas empresas [no PSI 20]”.

“Tem de se encontrar uma forma de debater seriamente o problema não afetando as pequenas e médias empresas [nacionais], olhando para essas empresas [em bolsa] e vendo, até pelo seu capital internacional, o que é que precisa de ser corrigido e como é que precisa de ser corrigido, de uma forma que tenha presente a justiça social”, defendeu.

A imprensa noticia hoje que os presidentes executivos das empresas do PSI 20 (o principal índice da Bolsa portuguesa) ganharam, em 2016, até cem vezes mais que os trabalhadores.

De acordo com o Diário de Notícias, e tendo por base os relatórios do Governo das sociedades comunicados pelas empresas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, na EDP, em média, os quase 12 mil funcionários arrecadam ao fim de um ano 49.100 euros, menos 41,5 vezes que o presidente da companhia, António Mexia.

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“Ainda assim, Mexia está longe de liderar o ranking da disparidade salarial entre as empresas da bolsa. Das 14 companhias que já publicaram os relatórios de governo das Sociedades de 2016, é na pirâmide da Jerónimo Martins que está a maior distância entre o topo e o fundo”, acrescenta o diário.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, é muito importante “distinguir” duas realidades distintas que existem no país, designadamente as “grandes empresas do PSI 20” e “as pequenas e médias empresas, que são 90 a 95% das empresas”.

“A análise tem de ser feita assim”, considerou o Presidente da República, acrescentando que “as grandes empresas são multinacionais, com capital estrangeiro”, cujos gestores têm “ordenados que chocam flagrantemente com os vencimentos dos trabalhadores”.

O chefe de Estado disse que “esse é um problema que no caso de Portugal se torna mais evidente por ter muito poucas empresas” no PSI 20.