Especialistas em vulcanologia e sismologia acreditam que um sexto ensaio nuclear da parte da Coreia do Norte pode provocar uma erupção vulcânica em Paektu, uma caldeira vulcânica situada na maior montanha da península coreana, na fronteira com a China.
Sempre que se dá uma grande explosão, como a de um teste nuclear, é libertada uma quantidade enorme de energia pelo planeta. Para ter uma ideia, um sismo no Oceano Índico em 2004, de magnitude 9,3 na escala de Richter, alterou a posição do pólo Norte em 2,5 centímetros e diminuiu a duração dos dias em 6,8 microsegundos.
E, apesar de um ensaio nuclear não provocar a mesma devastação que uma atividade sísmica ou vulcânica de grande intensidade, pode libertar energia suficiente para provocar esta atividade. Nos arredores da montanha vivem cerca de 1,6 milhões de pessoas.
Especialistas vêm agora explicar que um sexto ensaio nuclear, resultante das crescentes tensões diplomáticas na península, pode provocar atividade sísmica na região e despoletar uma erupção vulcânica em Paektu, também conhecido como Changbai. O efeito foi explicado por Bruce Bennett à CNN.
Pode ser uma erupção absolutamente gigante. Pode matar milhares – se não dezenas de milhares – de chineses e norte-coreanos. Não sabemos se uma explosão [nuclear] maior vai provocar uma erupção mas é certamente possível.”
A última erupção do Paektu deu-se há mais de cem anos, em 1903. Mas uma das suas erupções, em 946, foi uma das mais violentas registadas nos últimos 5.000 anos. Erupções vulcânicas de grande intensidade, apesar de raras, são capazes de provocar alterações catastróficas ao nível climático – afetando diretamente espécies e plantações.
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Em 1815, a erupção do Monte Tambora, libertou uma quantidade enorme de gases e detritos para a atmosfera, que bloquearam parte da radiação solar e tornaram 1816 o “Ano Sem Verão”. Num exemplo mais recente, em 2010 e 2011 as erupções do Eyjafjallajökull e do Grímsvötn, na Islândia, cujas nuvens de cinza provocaram um arrefecimento generalizado em toda a Europa e América do Norte bem como o cancelamento de milhares de voos comerciais, afetando 10 milhões de passageiros.
Pouco se sabe sobre a atividade sísmica e vulcânica do Paektu, até porque o acesso ao vulcão é dificultada pelo isolamento da Coreia do Norte. Contudo, atividade sísmica recente fez com que o governo de Pyongyang convidasse investigadores do King’s College de Londres a estudar o vulcão em 2014. Ainda sem grandes conclusões sobre o comportamento das câmaras de magma, os mesmos investigadores garantem que um teste nuclear como os últimos cinco realizados (registados em 10 quilotoneladas de potência) dificilmente provocariam uma erupção. Bennett assegura que um teste na ordem dos 50 ou 100 quilotoneladas pode ter consequências devastadoras.