Acontece pela segunda vez. Habitantes de Almeida, na Guarda, barricaram-se esta terça-feira no exterior do balcão da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Protestaram contra o fecho daquela agência na sede do concelho.

No mesmo dia, o presidente e o vice-presidente da autarquia seriam recebidos pela administração da CGD, em Lisboa. A reunião acabou por não acontecer. Ambos os lados falaram separadamente, mas acabaram por dar respostas um ao outro.

A exigência da CGD: desocupar a agência em Almeida

Apontam o mesmo motivo pelo qual a reunião não aconteceu. “Face à ocupação da agência, mais uma vez, esta terça-feira, deixou de fazer sentido realizar qualquer reunião com aqueles responsáveis”, informa a CGD num comunicado. António Baptista Ribeiro, o presidente da Câmara de Almeida, em declarações à RTP, confirma e informa que lhe foi “exigido que desmobilizasse as pessoas que se encontram neste momento na Caixa Geral de Depósitos em Almeida”. Mas o presidente recusou.

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Para António Baptista Ribeiro, não fazia sentido “desmobilizar pessoas que estão legitimamente a lutar por um direito”. Mas o que o presidente considera um direito, a CGD considera uma “forma de pressão reiterada, não legítima e imprópria de um Estado de Direito”.

A exigência do presidente da Câmara: manter a tesouraria

Enquanto a administração da CGD exigia a desocupação da agência em Almeida, o presidente da Câmara do concelho informou que também fez uma exigência, nomeadamente a de manter a tesouraria, mas não terá obtido resposta positiva.

No comunicado divulgado, a CGD justifica-se com os “5 anos consecutivos de prejuízos e diminuição de atividade comercial” bem como “um nível de movimentos de tesouraria muito abaixo da média” quando comparada com outras agências.

A CGD está disponível para o diálogo mas o presidente da Câmara já não

“Sou um homem de diálogo. Depois de várias tentativas de reuniões, de telefonemas, hoje esgotou-se o diálogo institucional”, declarou o presidente da Câmara de Almeida. Apesar de a reunião não ter acontecido, e ao contrário de António Baptista Ribeiro, a administração da CGD mostrou-se disponível para o diálogo.

“A CGD manteve, durante as últimas semanas, contactos e reuniões com as autoridades locais, à semelhança de outras autarquias, no sentido de se encontrar uma solução de manter serviços da instituição na sede de concelho e que passariam nomeadamente por, num período de transição, a Caixa assegurar a permanência de colaboradores no balcão de Almeida”, pode ler-se no comunicado.

No mesmo documento divulgado, a CGD garante que “cumpriu a sua parte” e acrescenta que “recusa aproveitamentos políticos de qualquer ordem”. A administração da CGD começa o comunicado dizendo que “está disponível para encontrar, em articulação com as autoridades locais, a melhor forma de servir a população”.

Manifestantes voltam a barricar-se na Caixa Geral de Depósitos de Almeida

CGD garante um serviço aos cidadãos “noutros moldes”

De acordo com o mesmo comunicado, a CGD assegura “noutros moldes, a prestação de serviços aos clientes”. Os cidadãos do concelho de Almeida terão de se deslocar até Vilar Formoso para acederem aos serviços prestados nos balcões da Caixa Geral de Depósitos. “No futuro, e em articulação com a Câmara Municipal poderia ser criado um acompanhamento aos clientes da Caixa nas instalações do município ou Junta de Freguesia, assegurando que estes não fiquem sem serviços”, pode ler-se no mesmo comunicado.

António Baptista Ribeiro fala, no entanto, de um “ato discriminatório”, já que é o “único encerramento de uma agência numa sede de concelho”. Já a CGD vê este fecho como uma consequência da “necessidade de reorganização e otimização da sua rede de balcões e compromissos internacionais firmados”.