O ex-primeiro-ministro José Sócrates critica o Ministério Público pelo que diz ter sido o “sexto adiamento” da acusação da Operação Marquês. Na opinião de Sócrates, fala-se em “especial complexidade” porque, tal como “é de especial complexidade provar que a Terra é plana”, “é impossível provar o que nunca aconteceu“. Em mais um artigo de opinião publicado no Diário de Notícias, o ex-líder socialista diz que o Ministério Público se transformou num “departamento estatal de caça ao homem” e critica o desrespeito “conveniente” por todos os prazos para avançar com esta “formidável campanha de difamação“.

Esta “nunca foi uma investigação a um crime, mas a perseguição a um alvo”, acusa José Sócrates, defendendo que mesmo num caso de “especial complexidade”, teria de haver acusação ao fim de 18 meses. “O Processo Marquês dura há 45 meses e acaba de ser adiado pela sexta vez”, insurge-se Sócrates.

Neste processo, o Ministério Público exibiu despudoradamente uma das especialidades que vem cultivando há décadas: promover covardemente – e criminosamente – campanhas de difamação nos jornais, por forma a transformar a presunção de inocência em presunção pública de culpabilidade. Não haver prazo nenhum ajuda a tal tarefa.

A Procuradora Geral da República indicou que até julho deverá encerrar-se o inquérito mas preferiu não se comprometer com a data, definindo um novo critério: a data de encerramento do processo fica dependente da chegada da última carta rogatória.

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PGR não se compromete com data para concluir Operação Marquês

Sócrates tem outra leitura e fala numa usurpação de poder por parte do Ministério Público. “Ao pretender que no inquérito penal não haja, na prática, prazos obrigatórios, o Ministério Público não está a interpretar a lei mas a mudar a lei. Acontece que essa é uma competência da Assembleia da República, não é dos senhores procuradores: esse poder não é legítimo, é usurpado”, acusa o ex-líder do Partido Socialista.