Os casos de corrupção relacionados com a empreiteira brasileira Odebrecht afetaram o desenvolvimento de projetos de infraestruturas e energia na América Latina, destacou esta quarta-feira o relatório da agência de ‘ratings’ Moody’s.

O relatório refere que uma série de contratos de concessão de grandes projetos foram cancelados em vários países da América Latina, incluindo o Peru, Colômbia e o Panamá. “Várias concessões de infraestruturas foram interrompidas e devem ser lançadas novamente em função dos escândalos de corrupção envolvendo a Odebrecht”, disse Adrián Garza, vice-presidente da Moody’s.

Na sua opinião, a resolução dos obstáculos legais e administrativos referentes a estes projetos deve demorar entre 12 e 24 meses. De acordo com a Moody’s, a paralisação de obras, que variam de oleodutos até projetos voltados para a navegabilidade em rios, tem sido sentida em toda a economia da América Latina como um fator que está a contribuir para as recentes reduções das expectativas de crescimento económico.

A agência de classificação de riscos destacou ainda que as empresas que participam em grandes projetos de infraestrutura estão enfrentando agora pressões de fluxo de caixa e os bancos, que emprestaram tanto às concessões como diretamente às empresas envolvidas, estão enfrentando maiores riscos de ativos.

A este respeito, o relatório indica que a desaceleração das obras limitará o ritmo em que os países irão reduzir a diferença significativa de infraestruturas na região. Para a Moody’s, no entanto, as investigações dos casos de corrupção envolvendo a Odebrecht lançaram luz sobre este problema muito comum na América Latina e devem motivar toda a região fortalecendo medidas de transparência em processos de licitação para evitar a corrupção.

A empreiteira brasileira Odebrecht está implicada em vários escândalos de corrupção na região e já admitiu ter pago pelo menos 788 milhões de dólares (723,1 milhões de euros) em subornos a funcionários de governos de 11 países, nove deles na América Latina.

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