A reunião desta quinta-feira de Governo e sindicatos dos médicos não deverá impedir a paralisação dos serviços médicos anunciada em abril para os próximos dias 11 e 12 de maio, em vésperas da visita do papa Francisco a Portugal, avança esta quarta-feira o Público.

De acordo com o jornal, tanto Federação Nacional dos Médicos (Fnam) como Sindicato Independente dos Médicos (SIM) são céticos relativamente aos potenciais resultados das negociações.

De resto, o próprio Ministério da Saúde já admitiu que lhe é impossível dar resposta em tempo útil às principais reivindicações dos sindicatos, a saber: reduzir de 200 para 150 horas anuais o tempo de trabalho extraordinário a que médicos estão obrigados, passar de 18 para 12 as horas que os profissionais têm de fazer nos serviços de urgência e reduzir o número de utentes por médico de família.

Ao diário, Pedro Alexandre, o representante da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) nas negociações com os sindicatos, disse que tem havido “convergência” de posições nas negociações. Cenário bem diferente pintou Mário Jorge Neves, presidente da Fnam, acusando a Saúde de “ter uma postura de quem não quer negociar”: “Esta conversa arrasta-se há meses e o ministério chegou a propor há duas semanas um plano a três anos para reduzir as horas extraordinárias que os médicos têm de fazer, as horas de trabalho nas urgências e o número de utentes por médico de família”.

Tanto Fnam como SIM recusaram o prazo e exigiram que as mudanças fossem efetivadas até ao final da corrente legislatura: “Há duas semanas fizeram a proposta de um plano a três anos, mas na semana passada recuaram e já não podiam calendarizar nada nem assumir prazos. Apenas podiam inscrever num compromisso que estavam dispostos a negociar estes temas”, disse ao Público Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM.

Mário Jorge Neves foi ainda mais longe: disse que “as negociações vêm a ser arrastadas quase há ano e meio” e acusou os responsáveis pelas negociações de “darem o dito por não dito de uma reunião para outra”.

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