Emmanuel Macron, favorito na segunda volta às presidenciais francesas, estendeu a mão ao ex-primeiro-ministro Manuel Valls, dizendo-se disposto a aceitá-lo na sua própria maioria presidencial — mas apenas se este abandonar previamente o Partido Socialista (PS) francês.

Quando, no domingo, Emmanuel Macron enfrentar Marine Le Pen nas urnas pela segunda vez, não será só a presidência que está a votos, mas também o futuro de uma nova força política.

Ex-ministro da Economia num governo socialista, Emmanuel Macron nunca foi filiado no PS francês, fugiu sempre ao projeto de François Hollande e a comprometer-se com as ideias socialistas, ao abandono das suas ideias reformistas que são mal aceites pelo partido do governo em que participou.

Com a vitória na primeira volta, Emmanuel Macron está agora decidido a consolidar o seu movimento – En Marche -, para o qual diz que quer atrair pessoas da direita e da esquerda que partilhem as suas ideias, e para isso já começou a tentar recrutar nas fileiras dos partidos mais tradicionais.

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Manuel Valls, ex-primeiro-ministro do governo de François Hollande e candidato vencido nas primárias socialistas, foi convidado por Emmanuel Macron a juntar-se ao seu movimento. Valls também era conotado com uma linha mais reformista do partido, mas acabou por abandonar as ideias que tinha de reformar até o nome do PS. Manuel Valls chegou até a sugerir uma eventual colaboração entre “reformistas de todos os grupos”, sugerindo que uma parte do PS podia colaborar com Macron caso este fosse eleito para a Presidência.

A resposta de Valls mostrou um calculismo político muito superior aos seus 39 anos: “Valls será bem bem-vindo à minha maioria presidencial, se abandonar previamente o PS”.

Emmanuel Macron quer fazer crescer o seu movimento e transformá-lo no principal partido francês, e tem nestas eleições uma oportunidade de ouro. O candidato socialista teve cerca de 6% do votos e o partido arrisca-se a sofrer uma pesada derrota nas presidenciais de meados de junho. Os republicanos, confiantes que tinha chegado a sua vez de governar, não foram além do terceiro lugar da primeira volta das presidenciais e tentam agora estancar a sangria, ameaçando expulsar os membros do partido que apoiarem Macron ou Le Pen.

No entanto, para consolidar o seu movimento num partido dominante, Emmanuel Macron tem não só de vencer as presidenciais no domingo, como de apresentar um partido forte nas legislativas de junho. E aí, onde Emmanuel Macron promete apresentar candidatos nos 557 círculos eleitorais, o que se pode prova um desafio num movimento que tem pouco mais de um ano de vida e a quem ainda falta estrutura.