O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), Luciano Gonçalves, desmentiu esta quarta-feira a possibilidade de o setor da arbitragem boicotar o arranque da próxima época na I e II Ligas de futebol.

Em declarações prestadas após uma reunião com a Associação de Futebol de Lisboa (AFL), o líder do organismo representativo dos árbitros assumiu também o envio de algumas propostas para alteração do Regulamento Disciplinar e apelou a uma resolução do problema do setor, em nome de um “início de campeonato mais tranquilo” do que o da presente temporada.

“Não existe nenhum boicote pré-anunciado pela arbitragem. Acreditamos que todos os agentes e todas as instituições irão, até ao início da época que vem, agilizar todas as ferramentas para termos um início de campeonato mais tranquilo do que o transato”, afirmou.

A APAF não deixou de lembrar a sua participação num grupo de trabalho que reúne a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a Liga de clubes, o secretário de Estado do Desporto e da Juventude, João Paulo Rebelo, e os sindicatos de jogadores e treinadores no sentido de conseguir uma pacificação do atual clima de tensão.

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“A APAF enviou para a Liga, como para outras instituições, contributos para uma regulamentação no qual achamos que podemos dar algum contributo positivo. Tudo o que seja para velar pela verdade desportiva e pelo bem do futebol é o nosso interesse”, comentou Luciano Gonçalves, em alusão às notícias de agravamento de penas para quem falar de arbitragem.

Por sua vez, o presidente da AFL, Nuno Lobo, manifestou a sua solidariedade em relação a “todos os árbitros que têm sido vítimas de agressões nos campos e pavilhões” e para com a APAF, reiterando a importância da obrigatoriedade do policiamento desportivo em todos os jogos.

Numa fase em que Benfica e Sporting têm travado uma guerra de palavras e ideias sobre o setor da arbitragem, o líder da AFL reconheceu que “este não é o momento próprio para que Benfica e Sporting possam conversar”, mas garantiu que não se demite das suas funções e do objetivo de sentar os dois rivais à mesa para o debate.

“Este ambiente não pode continuar mais um dia para bem do futebol português. Temos de saber o tempo próprio para o efeito e haverá o momento em que será o futebol português a exigir, para bem de todo o futebol, que os dois se sentem definitivamente à mesa, com o FC Porto também e com todos os outros clubes”, frisou.

A terminar, Nuno Lobo deixou ainda uma crítica ao secretário de Estado do Desporto e da Juventude, João Paulo Rebelo, pelo que considerou ser um “silêncio absolutamente lamentável” em relação aos últimos acontecimentos no futebol: “O que é que o secretário de Estado já fez para acabar com este ambiente hostil perante os árbitros e a arbitragem?”

De acordo com os registos desta época, já foram realizadas pela APAF 52 participações contra episódios de violência ou intimidação a árbitros, entre escalões profissionais e não profissionais, um número que é mais do dobro das queixas registadas na temporada 2015/16.