Com este livro, que estará nas livrarias a partir de 5 de maio, a Ponto de Fuga inicia aquela que considera ser a “menina dos seus olhos”: uma coleção infanto-juvenil composta por escritores que não são autores de livros infantis, explicou à Lusa o editor Vladimiro Nunes.

The Wishing Tree, no título original, foi escrito pelo romancista norte-americano e Prémio Nobel da Literatura, depois da publicação do seu primeiro romance, A Recompensa do Soldado (1926).

A edição portuguesa de “A Árvore dos Desejos” (Ponto de Fuga)

Trata-se de uma história “onírica e poética, com personagens que encolhem, árvores que detêm poderes mágicos ou póneis que saem de uma sacola e que antecipa vários recursos narrativos e estilísticos de um dos romances mais célebres do autor”, O Som e a Fúria, lê-se na nota introdutória. Segundo Vladimiro Nunes, este livro é uma espécie de cruzamento entre Alice no País das Maravilhas e O Som e a Fúria, “porque a história é feita na mesma altura e serve para testar algumas questões narrativas desta obra”.

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A 5 de fevereiro de 1927, Faulkner ofereceu um exemplar de A Árvore dos Desejos, datilografado e encadernado por si, a Victoria Franklin, que celebrava nesse dia o oitavo aniversário. Victoria era filha de Estelle Oldham, uma antiga namorada de adolescência por quem o escritor continuava apaixonado, a ponto de, insistentemente, tentar convencê-la a pôr termo ao casamento infeliz e a casar-se com ele, o que veio a conseguir em 1929.

Na dedicatória que lhe faz, a abrir a história, escreveu o autor: “Para a sua querida amiga Victoria, quando ela completou oito anos, fez o Bill este livro”.

Além de Victoria, Faulkner ofereceu também um exemplar de A Árvore dos Desejos a uma outra menina, muito doente, filha de amigos. Anos mais tarde, em 1948, ofereceu exemplares do mesmo livro a outras duas crianças, mas até à sua morte, em 1962, a história nunca foi publicada.

Foi Victoria quem deu a conhecer o livro após a morte do autor e, em 1964, a Random House publicou esse texto “num livro-objeto magnificamente ilustrado por Don Bolognese com tiragem limitada de quinhentos exemplares”, explicam os editores.

Don Bolognese nasceu em Nova Iorque em 1934 e dedicou-se sobretudo ao ensino artístico e à ilustração de perto de uma centena de livros infantis. “Seguiu-se, em 1967, uma edição convencional, também ela há muito esgotada, que serviu de base a esta primeira edição portuguesa”, acrescentam.

Na mesma coleção infanto-juvenil da Ponto de Fuga vão sair também livros de Ted Hughes. Vão ser lançados O homem de ferro e A mulher de ferro. “Do poeta americano E.E. Cummings, vamos editar quatro histórias para crianças, um livro infantil maravilhoso, que conseguimos que a versão portuguesa fosse feita por Hélia Correia e as ilustrações por Rachel Caiano”, disse Vladimiro Nunes.Único livro infantil de William Faulkner publicado pela primeira vez em Portugal

O editor adiantou ainda que “mais para a frente” irá pegar novamente em Gertrude Stein e num seu clássico infantil intitulado O mundo é redondo.