Uma pessoa morreu esta quinta-feira e pelo menos outras 298 ficaram feridas em dois municípios de Caracas, após confrontos com as forças de segurança, durante protestos contra uma futura assembleia constituinte decidida pelo Presidente Nicolás Maduro. O alcaide de Baruta, Gerardo Blyde confirmou, aos jornalistas, que um jovem de 17 anos morreu depois de ser atingido por um tiro de bala de borracha na nuca, quando se manifestava na Autoestrada Francisco Fajardo.

Os confrontos surgiram depois de as forças de segurança reprimirem milhares de opositores que pretendiam marchar até ao parlamento venezuelano, onde a oposição detém a maioria. Segundo o alcaide de Chacao (leste), Ramón Muchacho, até às 15:00 horas locais (20:30 horas em Lisboa) foram atendidos, em centros de saúde locais, “97 feridos, 84 por traumatismos, nove por asfixia, dois por queimaduras e dois por tiros de borracha”.

“Nunca tínhamos tido tantos pacientes atendidos”, disse Ramón Muchacho aos jornalistas. Segundo a presidente da Federação de Centros Universitários da Universidade Central da Venezuela, Rafaela Requesens, em Altamira, município de Chacao, um blindado da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) atacou um grupo de manifestantes e atropelou um deles, que foi atendido de urgência em Salud Chacao.

O maior número de feridos foi registado em Baruta, onde 234 pessoas foram atendidas nos serviços de saúde locais, com “traumatismos e asfixias”, de acordo com uma informação publicada na conta do município na rede de mensagens instantâneas Twitter. Entretanto, segundo o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (CNTP), pelo menos jornalista e um fotógrafo ficaram feridos nos confrontos entre autoridades e manifestantes.

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O presidente da câmara de Chacao, Ramón Muchacho, disse aos jornalistas que os serviços de saúde locais atenderam 164 pessoas, incluindo dois jovens com queimaduras causadas por ‘cocktails Molotov, e dois feridos por balas de borracha. A Câmara Municipal de Chacao disponibilizou um grupo de psicólogos para acompanhar os feridos.

As manifestações contra e a favor do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, intensificaram-se no último mês, tendo causado pelo menos 33 mortos e centenas de feridos. Mais de 1.300 pessoas foram detidas. A oposição reclama a libertação dos presos políticos, a convocação de eleições gerais, o fim da repressão, protestando também contra duas sentenças do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que limitam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assume as funções do parlamento.

Na quarta-feira, milhares de pessoas saíram à rua em várias cidades, contra a convocação de Assembleia Constituinte, feita na última segunda-feira por Nicolás Maduro. De acordo com a aliança da oposição, Mesa de Unidade Democrática (MUD), a convocação “é uma fraude, inconstitucional e implica o fim da democracia”.

Na segunda-feira, Maduro convocou os venezuelanos para elegerem uma Assembleia Constituinte cidadã para preservar a paz e a estabilidade da República, incluir um novo sistema económico, segurança, diplomacia e identidade cultural, de acordo com o Presidente venezuelano. Para Nicolás Maduro, entre as suas “atribuições constitucionais”, está a reforma do Estado venezuelano e a alteração da ordem jurídica, o que permite a convocação de uma Assembleia Constituinte para redigir uma nova Constituição.