Olhos postos do céu! Ainda falta muito para o brilhante cometa Halley passar de novo junto ao planeta Terra, mas esta noite vai bater-nos à porta: a chuva de estrelas Eta Aquáridas, um conjunto de meteoros com origem no comenta, vai atingir o seu ponto máximo na noite desta sexta-feira para sábado, 6 de maio. O céu noturno vai ser rasgado por entre 20 e 50 meteoros por hora. Há, no entanto, um problema: a Lua está em fase crescente e quase totalmente cheia, por isso a luz que reflete do Sol pode ser suficiente para ofuscar o espetáculo de meteoros. Mas há truques para o poder ver em todo o seu esplendor.

O que usar

Não precisa de mapas do céu noturno, telescópios ou precauções especiais

Na verdade, não leve esses materiais para a observação: eles diminuem a área do céu noturno a que pode estar atento. Precisa, isso sim, de paciência: os nossos olhos precisam de pelo menos vinte minutos para se habituarem à escuridão, por isso o mais provável é começar a ver as estrelas cadentes com maior facilidade apenas ao fim desse tempo.

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A que horas ver

Espere até às 4 da manhã para assistir à chuva de estrelas

Como a Lua desaparece do céu noturno a partir dessa hora, a luz que reflete do Sol vai deixar de atrapalhar a observação e as estrelas passarão a dominar o céu. A partir dessa hora, procure então pontos brancos — alguns dos quais com rasto — que atravessem o céu a partir de leste e em todas as direções. Quanto maiores forem os meteoros, maiores serão os pontos brancos que vamos ver a partir da Terra: os mais imponentes podem deixar um rasto no céu, que surge quando os meteoros atravessam a atmosfera terrestre.

Onde não ver

Afaste-se das luzes da cidade e de árvores e casas

As luzes dos candeeiros podem ser suficientes para que a observação não seja tão eficaz. Prefira locais mais isolados e com o horizonte desimpedido (nada de árvores ou casas). Se tiver consigo um mapa celeste, deve procurar a constelação de Aquário e atentar à região próxima à estrela Eta Aquarii, a sétima estrela mais brilhante da constelação. Essa estrela não tem qualquer relação com a chuva de meteoros: é apenas uma posição relativa, que serve meramente como orientação. Conhecer estas particularidades não é essencial para encontrar as estrelas cadentes.

O que é proibido

Afaste-se de computadores, telemóveis, tablets ou qualquer outro material tecnológico que emita luz azul

Os nossos olhos devem habituar-se à ausência de luzes artificiais e esses dispositivos dificultam essa ginástica ocular. Há, no entanto, um truque para ver melhor as estrelas: olhe para uma luz vermelha, que é a que têm frequência mais baixa dentro do espectro de luz visível. Algumas lanternas têm filtros intercambiáveis ​​que podem ser úteis em noites como esta porque ajudam os olhos a habituarem-se à escuridão. Não tem nenhuma dessas lanternas? Pinte o vidro de uma lente normal com verniz de unhas vermelho.

O que deve vestir

Vista-se a rigor: escolha roupa quente e confortável

E leve comidas e bebidas quentes para escapar um pouco mais ao frio. Não será má ideia levar umas mantas, umas luvas e botas para manter a sua temperatura corporal estável. Afinal é possível que chova em alguns pontos do país e as temperaturas noturnas vão estar baixas.

As Eta Aquáridas são presença habitual nos céus da Terra: passam todos os anos por nós, tipicamente entre os dias 19 de abril e 28 de maio, mas é sempre na madrugada de 5 para 6 de maio que atingem o seu ponto máximo. Esta chuva de estrelas está associada ao cometa Halley, que orbita o Sol num período de 75 anos terrestres. Ainda faltam 44 anos para Halley voltar a passar pelo nosso planeta. No entanto, todos os anos por esta altura, a Terra passa pelo rasto de meteoros deixados para trás pelo cometa. Isso acontece na primavera com a chuva de estrelas Eta Aquáridas; e no outono com a chuva de estrelas Orionidas.

Esta associação entre o cometa Halley e as Eta Aquáridas foi sugerida pela primeira vez em 1876 pelo astrónomo Alexander Stewart Herschel e comprovada mais tarde, em 1947, através de radiotelescópios.