O ministro da Saúde afirmou esta sexta-feira que o Governo “não negociará nunca sob pressão ou negociando mal”, comentando a greve dos médicos que vai decorrer na próxima semana.

“O Governo não negociará nunca sob pressão ou negociando mal, vai negociar pensando nomeadamente nos jovens médicos, que são aqueles que hoje são mais sacrificados”, afirmou Adalberto Campos Fernandes.

O ministro falava aos jornalistas à margem de uma visita a Vila Real e um dia depois de os sindicatos médicos terem decidido manter a greve nacional marcada para os dias 10 e 11 de maio.

“Há um processo negocial que está em curso, aliás estava previsto que terminasse em setembro. Hoje mesmo foi publicado (…) o regulamento dos internos do serviço de urgência, que é de facto um documento que os jovens médicos há muito tempo esperavam e que acolheu praticamente a totalidade das sugestões dos sindicatos”, frisou.

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E continuou: “o que nós dizemos é que compreendemos que a greve exista, porque primeiro de tudo é um direito constitucional, segundo é uma forma que os sindicatos têm de exprimir o seu ponto de situação relativamente à compreensão que têm do processo negocial”.

O governante disse que “a greve ocorrerá dentro de um quadro de normalidade democrática, com elevadíssimo sentido de responsabilidade” e adiantou que, depois da greve, continuarão a “negociar, a dialogar, conciliando aquilo que é o interesse de uma profissão relevantíssima para o país com aquilo que é o interesse do país no seu conjunto”.

Questionado sobre os cerca de cinco dias em que os serviços não vão estar a trabalhar a 100%, juntando-se à greve dos médicos o protesto dos enfermeiros, a tolerância de ponto no dia 12 e o fim de semana, o ministro reconheceu que vai “naturalmente prejudicar alguns cidadãos, que tinham atividade programada”.

“Mas nós não podemos olhar para uma greve como algo que prejudica o país, a greve é um exercício natural, normal, e saudável do ponto de vista democrático”, disse.

O que é preciso, reforçou, é que a “prontidão, a urgência e a emergência” vão “funcionar normalmente”.

Adalberto Campos Fernandes disse, inclusive, que estará na manhã do dia 12, em Fátima, na apresentação do dispositivo de assistência médica e de apoio aos peregrinos que se deslocarem ao santuário.

“Têm sido os próprios dirigentes sindicais que o têm reafirmado, mas mesmo que o não reafirmassem nós conhecemos bem os médicos portugueses e sabemos bem que os profissionais de saúde, em todos estes momentos, têm uma cultura de uma enorme responsabilidade”, salientou.

Após uma reunião com o Ministério da Saúde na quinta-feira, os sindicatos médicos mantiveram a greve nacional de dois dias prevista para a próxima semana, com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos a exigirem respostas concretas do Governo a vários problemas que preocupam os profissionais, como a redução do número de horas máxima de urgências, a reposição integral do pagamento das horas extraordinárias e a redução do número de utentes por médico de família.