Morreu o “finlandês voador” original, alcunha que exaltava o speed e o estilo audacioso de condução de Timo Makinen. Foi o primeiro Flyinng Finn de várias gerações de finlandeses que o seguiram a fazer furor na estrada, como Ari Vatanen, Markku Allen, Kimi Raikonnen, Tommi Makinen ou Juha Kankunen. Morreu esta quinta-feira, 4 de maio, em Helsínquia, a cidade onde nasceu a 18 de março de 1938.

Timo Makinen tornou-se uma lenda da estrada pelo estilo e pelas vitórias, em especial os ‘hat tricks’ (três triunfos consecutivos) que conseguiu nos ralis da Grã-Bretanha e dos Mil Lagos (atual Rali da Finlândia). Foi, aliás, numa das corridas nesta exigente prova em terras finlandesas que ficou célebre pela etapa que fez ao volante de um Mini Cooper S com o capot do carro levantado. As correias de pele que o fixavam ao carro partiram-se com os primeiros solavancos da corrida e o capot levantou-se, tapando a visibilidade a Makinen. Mas não foi o suficiente para travá-lo na temida e sinuosa etapa classificativa de Ouninpohja.

“Fizemos cerca de 12 dos 25 quilómetros assim”, recordou Makinen mais tarde. Foi o terceiro mais rápido naquela etapa, apesar de, como explicou, “mal conseguir ver” para onde estava a seguir. “Tentei colocar a minha cabeça fora da janela, mas o capacete era demasiado grande”! Ainda assim, conseguiu ir espreitando a estrada terminou a classificativa. A audácia e perícia com que conduziu, como se pode ver neste vídeo, ainda hoje a tornam numa das corridas mais lendárias de Makinen.

Considerado um dos melhores pilotos de ralis das décadas de 60 e 70, Timo Makinen tem no currículo três vitórias consecutivas na Grã-Bretanha, entre 1973 e 1975, ao volante de um Ford Escort, e no Rali dos Mil Lagos, entre 1965 e 1967, num Mini Cooper S.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O finlandês começou a correr como co-piloto do seu irmão Harri num Triumph TR3, em 1959. Estrearam-se com um terceiro lugar nos Mil Lagos, tendo ficado então à sua frente os também célebres Erik Carlsson e Rauno Aaltonen em Saab. Nunca mais parou a partir daí. Ao volante de um Mini Cooper, o carro que mais vezes o acompanhou nos ralis, Makinen também se tornou pioneiro no travão com o pé esquerdo.

Makinen seguiu e somou inúmeras vitórias ao longo dos anos, correndo por várias marcas e modelos automóveis, além dos Minis, como Ford, Toyota ou Peugeot. O piloto, que também ficou famoso pelas conferências de imprensa que dava a partir do bar mais próximo dos locais da corrida, terminou em primeiro lugar pela última vez em 1975 num rali do País de Gales. O finlandês cedeu o seu lugar ao volante em 1977 ao sueco Bjorn Waldegaard e acabou por trocar os ‘sprints’ por maratonas: acompanhado por Jean Todt, num Peugeot, fez algumas corridas de longa distância em África.

A velocidade e a adrenalina fizeram sempre parte da sua vida, tendo mesmo ganho, em 1969, a primeira corrida de barco de alta velocidade à volta da Grã-Bretanha, a ‘Round Britain Powerboat Race’. Makinen voltaria aos rali de Monte Carlo em 1994, ao volante de um Mini, para celebrar os 30 anos sobre a sua primeira vitória na competição. Foi a sua última corrida oficial.

Timo Makinen, que em 2010 foi um dos quatro primeiros pilotos a entrarem no ‘Rally Hall of Fame’ — juntamente com o sueco Erik Carlsson, o britânico Paddy Hopkirk e o também finlandês Rauno Aaltonen — morreu esta quinta-feira com 79 anos.

[artigo atualizado a 5 de Maio, às 21:32]