O papa Francisco afirmou este sábado que o mundo atual está a crescer numa “cultura de destruição”, criticando a relevância “do mal, do dinheiro e do poder” na sociedade atual, dominada por um “deus do dinheiro”. O pontífice, que estará em Fátima daqui a poucos dias, falava durante um encontro com jovens estudantes realizado este sábado no Vaticano, durante o qual respondeu a várias perguntas.

Quando questionado por uma jovem estudante sobre “o que está a acontecer no mundo”, Jorge Bergoglio, que adotou o nome de Francisco, respondeu: “Existe algo que não funciona, algo que destrói, algo que não é normal”. O papa sublinhou que “o mundo está em guerra” e condenou os conflitos bélicos, os bombardeamentos, as torturas e os naufrágios de imigrantes e refugiados no mar. “Está a crescer entre nós, isto é um pouco exagerado o que eu digo, mas digo para que entendam bem, uma cultura de destruição”, frisou.

Francisco salientou que o mundo foi criado no sentido do crescimento da paz e da comunhão fraterna, mas, segundo lamentou, isso foi substituído por numerosos confrontos, por cenários onde existe tráfico de armas, drogas e exploração de pessoas, nomeadamente em empresas que fazem contratos precários ou obrigam menores a trabalhar. Também falou sobre a crise dos refugiados, que qualificou como “o pior drama desde a II Guerra Mundial” que afeta a Europa, e criticou fortemente o uso por parte dos Estados Unidos, em abril passado, da maior bomba não nuclear, chamada como “a mãe de todas as bombas”, para destruir um complexo de túneis do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no Afeganistão.

“Chamam-na ‘a mãe de todas as bombas’. A mãe dá a vida e esta dá a morte. Estamos a chamar mãe a este dispositivo?”, comentou Francisco, que irá receber o Presidente norte-americano, Donald Trump, no próximo dia 24 de maio no Vaticano. O pontífice pediu a promoção de uma sociedade que tenha como valores fundamentais o diálogo, a tolerância, a paz e a educação e apelou à comunidade internacional para que promova, com ações concretas e não apenas com palavras, estes princípios.

O papa visita Fátima em 12 e 13 de maio e vai canonizar os pastorinhos Francisco e Jacinta no centenário das aparições na Cova da Iria, em 1917. Francisco é o quarto papa a visitar Fátima.

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