A guerra no Sul do Sudão e a fome já obrigaram, aproximadamente, dois milhões de crianças a abandonar as suas casas, disseram as Nações Unidas à Reuters esta segunda-feira, no âmbito da morte de 21 pessoas vítimas do último ataque a civis por um grupo de pistoleiros.

Esta é uma guerra civil que começou quando o Presidente Salva Kiir demitiu o seu vice, em 2013, e fez com que o seu país ganhasse independência do Sudão vizinho. A luta que se seguiu, dividiu o país em linhas étnicas, fez crescer a hiperinfalção e mergulhou o país em fome, criando a maior crise de refugiados da África, desde o genocídio ruandês, que remota a 1994.

Nenhuma crise de refugiados me preocupa mais do que a vividano Sudão do Sul”, relatou Valetin Tapsoba, chefe da agência dos refugiados da ONU (ACNUR), em comunicado.

O Sudão do Sul tem cerca de 12 milhões de pessoas, em que três em cada quatro crianças não vão à escola, acrescentaram a agência das Nações Unidas dos direitos humanos (UNHRC) e a das crianças (UNICEF). Mais de um milhão de crianças saíram do seu país, enquanto outro milhão deslocou-se internamente. As agências disseram ainda que mais de mil crianças já teriam sido mortas nos combates, sendo que este valor poderá ser maior que o apresentado visto que o Sudão do Sul, enquanto um dos países menos desenvolvidos do mundo, não tem registos de óbitos precisos.

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O Sudão do Sul tem uma das maiores taxas de má nutrição, enfrentando uma grave luta contra a fome.

Muitos dos refugiados sul-sudaneses procuram auxílio nos países vizinhos Uganda, Quénia, Sudão e Etiópia, que estão a lutar para fornecer comida e recursos suficientes para as suas próprias populações.

Na última sexta-feira, houve também relatos de ataques a veículos comerciais que transportavam passageiros ao longo da estrada de Juba-Bor. “Recebemos e vimos 21 pessoas mortas e 25 feridas, no Hospital de Bor”, declarou Jacob Akech Deng, ministro de informação da província de Jonglei. Relatórios do Sudão disseram que o número de vítimas mortais pode chegar aos 51 indivíduos.