Mais de cem pessoas foram detidas na Tailândia por alegados crimes de lesa-majestade desde que os militares tomaram o poder na sequência do golpe de Estado de maio de 2014, indicaram esta segunda-feira grupos de ativistas.

A Tailândia tem uma das mais severas leis de lesa-majestade do mundo, prevendo penas de entre três a 15 anos de prisão para quem difamar, ofender ou ameaçar o rei, a rainha e o herdeiro do trono ou o regente.

A detenção de seis pessoas, no final de abril, elevou para 105 o número de acusados de crimes de lesa-majestade desde que os militares governam o país, disse a Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH) e a organização não-governamental tailandesa iLaw.

Destes, 49 foram condenados a penas de até 30 anos de cadeia, enquanto outros 64 encontram-se atualmente em prisão preventiva a aguardar julgamento. Antes do golpe de Estado de maio de 2014, seis pessoas estavam presas na Tailândia por este tipo de delito.

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Do total de detidos, 81 foram presos por expressarem opiniões, principalmente através das redes sociais, enquanto os restantes por reivindicarem vínculos com a casa real para proveito pessoal, indicaram as duas organizações em comunicado.

“Em menos de três anos, a junta militar fez disparar o número de presos políticos detidos por lesa-majestade, abusando desta lei severa e inconsistente com as obrigações internacionais da Tailândia”, afirmou o presidente da FIDH, Dimitris Christopoulos.

O diretor da iLaw, Jon Ungpakorn, denunciou que os afetados são privados de liberdade condicional e passam anos em prisão preventiva antes de serem julgados, qualificando o sistema judicial tailandês como “farsa”. “Muitos dos detidos são ativistas pró-democracia e críticos do regime militar. Em alguns casos foram levados das suas casas por soldados e interrogados em segredo durante dias em bases militares antes de serem formalmente acusados”, disse o ativista.

O comité da ONU para os Direitos Humanos manifestou preocupação pela “prática de condenações extremas” contra os acusados e instou as autoridades tailandesas a reformar o artigo 112.º do Código Penal e a respeitar a liberdade de expressão.