A azinheira no Santuário de Fátima, associada às “aparições” e várias vezes citada em documentos da época dos acontecimentos como a “azinheira grande”, é uma das 453 árvores de “interesse público” existentes em Portugal.

Trata-se de um “Quercus ilex ssp rotundifolia”, um exemplar de azinheira situado no Santuário de Fátima, a metros do local onde os pastorinhos disseram ter visto a imagem de Nossa Senhora de Fátima, também junto a uma árvore, mas que já não existe.

O “interesse público” é uma classificação que existe desde 1938 e refere-se a “árvores que, pelo seu porte, desenho, idade e raridade se distinguem dos outros exemplares”.

Para esta nomenclatura também podem contribuir “motivos históricos ou culturais”, de acordo com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

A azinheira no Santuário de Fátima é uma árvore com mais de cem anos de idade, 13,5 metros de altura e uma copa com 16,5 metros de diâmetro. Na sua “ficha de inscrição” como árvore de “interesse público”, esta azinheira é apresentada como um exemplar com um “grande simbolismo e devoção”.

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Esta árvore “está tradicionalmente associada às aparições de Nossa Senhora de Fátima”, segundo o ICNF, segundo o qual a mesma “vem citada em muitos documentos primitivos referentes às aparições com o nome de azinheira grande, por os videntes e os peregrinos se abrigarem à sua sombra, para a recitação do rosário, antes das aparições”.

O organismo sublinha, contudo, que esta azinheira “não se considera árvore sagrada”, uma vez que não foi, “em si mesma, lugar de aparições”, embora tenha “o valor de testemunha das aparições de 1917”.

A azinheira sobre a qual Nossa Senhora terá aparecido, com pouco mais de um metro de altura, segundo os relatos da Irmã Lúcia, desapareceu depois dos peregrinos a levarem aos poucos. No seu lugar, existe hoje o pedestal com a imagem de Nossa Senhora, na Capelinha das Aparições, no Santuário de Fátima.

Mais 452 árvores merecem a classificação de “interesse público” em Portugal, algumas com 2.000 anos.

Com dois milénios existe, por exemplo, uma oliveira (nome científico “Olea europaea L.var. europaea”) na freguesia de São Lourenço, distrito de Setúbal, que é um exemplar “verdadeiramente monumental que faz conjunto com outras duas, com fuste ou base de grande diâmetro de onde partem varas que mantêm a copa verde”.

Uma outra oliveira com a mesma idade está localizada no Aldeamento Turístico de Pedras de D’ El-Rey, freguesia de Santa Luzia, concelho de Tavira, sendo “uma das árvores mais antigas de Portugal e contemporânea de Cristo – 2 000 anos”.

Segundo o ICNF, “são precisos cinco homens para abraçar o tronco desta oliveira”. Uma “magnífica oliveira com aspeto milenar, comprovado pelos restos do antigo cepo”, pode ser vista em Casais de São Braz, freguesia de Romeira, concelho de Santarém.

Outras centenas de árvores de “interesse público” estão classificadas de norte a sul de Portugal.

Uma árvore classificada de “interesse público” beneficia de uma zona de proteção de 50 metros de raio, a contar da sua base, não poderá ser cortada ou desramada sem autorização prévia do ICNF, sendo todos os trabalhos efetuados sob sua orientação técnica, segundo este organismo.

São “exemplares que se encontram isolados ou em conjunto, localizados muitas vezes em jardins públicos, no meio urbano e em diversos locais emblemáticos, tais como igrejas, ermidas, fontes”, segundo o Instituto.