O grupo Barclays Africa é o principal concorrente à compra do Banco Moza, em Moçambique, havendo um total de três interessados, escreve esta terça-feira a agência de informação financeira Bloomberg.

O banco sul-africano, com operações em 12 países africanos, apresentou uma proposta que será revista por um painel independente, cuja decisão deverá ser conhecida em julho, acrescentaram as mesmas fontes.

A presença do Barclays em Moçambique é ainda demasiado limitada para ter uma posição dominante, e a compra do Banco Moza é uma maneira rápida de ganhar escala e dimensão nesta economia, explicaram as fontes contactadas pela Bloomberg.

O banco central de Moçambique tomou conta da gestão do Moza em setembro depois de o banco ter entrado em dificuldades financeiras e o rácio de solvabilidade ter descido para zero.

Desde então, o Governo de Moçambique falhou a primeira prestação da emissão de dívida soberana, em janeiro, e duas empresas públicas falharam também pagamentos, fazendo com que o país entrasse em incumprimento financeiro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com o relatório “Perspetivas Económicas Regionais para a África subsaariana”, divulgado esta terça-feira, Moçambique é o país africano que enfrenta os juros mais caros sobre as emissões de dívida em moeda estrangeira (‘eurobonds’), com 20,4%, que compara com os 8,7% de Angola, o segundo com os juros mais altos.

A trajetória da dívida está claramente numa trajetória ascendente, com mais de 50% do valor do PIB em muitos países”, como Cabo Verde ou Moçambique, escrevem os analistas no relatório, que dá conta de uma dívida pública em Moçambique que valia 115,2% do PIB no final do ano passado, mas que deverá descer para 106,9% e 103,6% neste e no próximo ano.

Este valor do rácio da dívida face à riqueza do país só é superado por Cabo Verde, que apresenta valores de 134,7% este ano e 133% em 2018, mais do triplo da média da África subsaariana: 44,6%.

Com um crescimento previsto de 4,5% para este ano e 5,5% para o próximo, Moçambique enfrenta uma inflação de 19% este ano, que deverá cair para os 10% no próximo ano.

Depois de ter melhorado o desequilíbrio das contas públicas no ano passado, melhorando de 10,4% para 7,4%, o défice orçamental deverá aumentar para 8,2% este ano e 8,5% em 2018, de acordo com as previsões do FMI.

O relatório do FMI sobre a África subsariana surge na semana em que a consultora Kroll deverá apresentar às autoridades o relatório sobre a chamada “dívida escondida”, no valor de 1,4 mil milhões de dólares, contraída entre 2013 e 2014, por empresas públicas que contraíram empréstimos com o aval do Estado sem que este valor fosse inscrito nas contas oficiais nem reportado aos credores internacionais.