A Direção-Geral do Património Cultural anunciou esta segunda-feira em Diário da República a abertura da consulta pública para a ampliação da área classificada da antiga cidade romana de Balsa, localizada em Tavira, e a revisão da sua categoria.

“Significa que para além daqueles três bens que tinham sido classificados anteriormente há uma vasta área que fica agora abrangida como sítio de interesse público”, explicou à Lusa a diretora regional de cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves.

A consulta pública visa a abertura do procedimento de ampliação da delimitação da classificação e de revisão da categoria, para sítio de interesse público (SIP), e fixação da zona especial de proteção provisória (ZEPP) da Estação Arqueológica Romana da Luz/Cidade Romana de Balsa, na Luz, União das Freguesias da Luz de Tavira e Santo Estêvão.

As ruínas da antiga cidade romana de Balsa, descobertas na segunda metade do século XIX, ocupam uma vasta área situada junto à localidade de Luz de Tavira, em terrenos privados, maioritariamente na Quinta da Torre d’Aires”, lê-se no ‘site’ da Direção Regional de Cultura do Algarve (DRCAlg).

Os terrenos foram usados para exploração agrícola de forma intensiva e sistemática, terraplanados ao longo de dezenas de anos, sobretudo na segunda metade do século XX, pelos anteriores proprietários, arrasando muitos dos vestígios arqueológicos ali remanescentes, referem as autoridades.

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A classificação como Imóvel de Interesse Público, em 1992, só abrangeu uma parte das ruínas e, em 2011, foi criada uma Zona Especial de Proteção que não impediu o uso dos terrenos para a atividade agrícola. Em 2015, os arrendatários da quinta iniciaram a instalação de estufas para o cultivo de frutos vermelhos com pareceres favoráveis da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para uma área da Rede Ecológica Nacional.

A área também era abrangida pela proteção do património classificado Zona Especial de Proteção (ZEP) da Estação Arqueológica Romana e esta situação motivou o embargo da instalação de estufas por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.

Alexandra Gonçalves contou que o processo de instalações de estufas foi suspenso e que o que decorre agora no local são sondagens arqueológicas para avaliar o interesse histórico e para conhecer melhor os vestígios que foram detetados no local.

A intenção é que haja uma melhor delimitação da área classificada e que fiquem salvaguardados os bens culturais”, concluiu Alexandra Gonçalves.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Tavira, Jorge Botelho, disse que a abertura do processo foi pedida pela autarquia junto da CCDR e da DRCAlg com vista à salvaguarda do património histórico existente no local e para evitar qualquer tipo de especulações sobre aquela área. “Enquanto não soubermos os contornos de Balsa o perímetro tem de ser grande e isso afeta muita gente, afeta a agricultura, mas acima de tudo protege aquilo que temos de preservar”, comentou o autarca.

Jorge Botelho considera que o passo seguinte a esta consulta pública, ao alargamento da área e a sua reclassificação é preparar o processo para que Balsa possa ser alvo de uma intervenção alargada.

“Balsa não dá para retirar com escavações parciais tirando de lá as peças por causa do vandalismo”, afirmou Jorge Botelho, acrescentando que o processo de escavações deve contemplar ainda a construção de um centro interpretativo. Aquele responsável vincou que Balsa tem potencial para ser um centro romano de referência no sul da Europa e com grande potencial turístico e cultural para o qual é preciso encontrar fazer projetos e encontrar meios e recursos.