O “Jornal 2” da RTP 2 chamou-lhe na abertura “um divórcio à moda do Porto”. Manuel Pizarro, antigo e atual candidato à presidência da Câmara Municipal do Porto que devolveu esta semana o pelouro da Habitação e Ação Social que tinha como vereador, deu esta noite a primeira entrevista após o anúncio oficial do avanço. “E deixe-me só dizer que fiz questão que fosse aqui por ser o único espaço noticioso da noite feito no Porto”, explicou ao entrevistador João Fernando Ramos.

“Em 2013, fizemos um acordo com Rui Moreira depois das eleições. E recordo que quer os órgãos nacionais, quer os órgãos distritais estavam contra. Eu não tinha duvidas, à frente de tudo devem estar sempre os portuenses. Foi um acordo que funcionou com grande lealdade. Entendemos que estava a funcionar bem, que a cidade estava satisfeita, tudo com um programa de Rui Moreira que tinha muitos pontos em comum com o nosso”, começou por referir.

“Não vou revelar as conversas com Rui Moreira, seria indelicado, mas não havia qualquer problema de lugares porque não houve nenhuma exigência nesse sentido. O PS revia-se no projeto em comum que estava a ser levado a cabo. As pessoas devem ser escolhidas pelo seu mérito. Estive quatro anos como vereador com pelouro, mas não deixei de ser dirigente do PS. Não quero ter nenhuma vantagem a partir daí, mas também não posso ser diminuído por isso. As declarações da Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, foram aclaradas por ela no dia e eu próprio disse que não havia nenhum pedido de lugares”, destacou, prosseguindo.

“A comissão política de Rui Moreira reuniu na quinta-feira à noite, saíram todas aquelas notícias e ainda ficámos com a expetativa que se corrigisse a ideia de que o PS não era bem-vindo. É legítimo, embora fosse melhor para o Porto que nos apresentássemos em conjunto. Assim, só podia haver uma decisão. O PS nunca faltou ao Porto. Temos um projeto político para a cidade que vamos apresentar. Achava que fazia mais sentido que apoiássemos Rui Moreira mas a sua comissão política não quis o nosso apoio. Os nossos programas tinham muitas semelhanças mas também algumas diferenças. Influência do PS nacional? Quero deixar claro: a decisão foi minha e foi tomada depois da entrevista de Rui Moreira à SIC. A esse convite que me fez, digo não, obrigado. Ninguém pode ser nem beneficiado nem menorizado por ser de um partido político”.

Relativizando uma questão que diz estar encerrada, e que dizia respeito a um alegado convite do PS a Júlio Magalhães (“É um grande jornalista, por quem tenho enorme apreço, mas confundir uma SMS de um desconhecido com um convite do PS é exagerado”, resumiu), Manuel Pizarro falou sobre uma possível nova coligação pós-eleitoral: “Farei o que for possível para preservar a relação de amizade com o dr. Rui Moreira, mas os acontecimentos têm gravidade para o futuro, isso não pode deixar de existir. O Porto e os portuenses estão sempre em primeiro lugar. Esta página está virada, só estou a pensar no futuro. Estivemos até ao último dia neste projeto com boa-fé. Devolvemos os pelouros mas vamos permanecer como vereadores com uma atitude construtiva. Os partidos políticos têm defeitos, alguns tento corrigir, mas estes movimentos políticos também têm um comportamento sectário”.

“O que vou fazer até 1 de outubro é convencer uma maioria que posso ser um melhor presidente da Câmara do Porto e depois respeitar os resultados que chegarem das eleições”, concluiu.

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