A Associação Nacional de Industriais do Ensino da Condução (ANIECA) apresentou sete queixas ao Ministério Público (MP) por fraudes relacionadas com títulos de condução. A ANIECA denuncia a existência de uma rede organizada.

Das sete queixas apresentadas ao MP, três foram encaminhadas este ano e são apenas algumas das “dezenas, senão centenas de casos”, revelou a associação ao Jornal de Notícias. “Estamos a falar de fraudes que estão a acontecer pelo país todo, em todos os centros de exame”, sublinharam elementos da direção da ANIECA, sob anonimato.

Segundo o esquema denunciado, os candidatos a exame de código apresentam-se de sobretudo. A mesma peça de roupa foi utilizada repetidamente em diferentes dias e por diferentes pessoas, com uma microcâmara instalada. O dispositivo é usado para transmitir os conteúdos para o exterior. As respostas chegam aos examinandos através de um pequeno auricular.

Quando os examinadores se apercebem do comportamento, trancam a sala e chamam a PSP. Os candidatos de Braga (dois) e Lisboa (um) foram apanhados em flagrante. Este é apenas um de muitos estratagemas com meios tecnológicos, “a ponta do iceberg de esquemas bem montados e difíceis de detetar”, aponta a ANIECA.

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Entre 2500 a 5000 euros é o valor que promete uma passagem fácil, sendo os formandos abordados à saída dos centros de exame. “Eles ficam à espera de saber as pessoas com dificuldades em obter aprovação”, conta a associação. Normalmente recorrem a estes esquemas quem “reprovou mais que uma vez ou alguém que não está para se maçar, porque estudar é uma chatice”, sublinha.

Os responsáveis da associação afirmam que a melhor forma para lidar com os esquemas fraudulentos é a colocação de inibidores de sinal nas salas onde decorrem os exames teóricos, que bloqueariam as transmissões. Mas esta medida não está de acordo com a lei existente, segundo a qual este tipo de equipamentos pode interferir em comunicações determinantes, como a aviação.

A ANIECA desconhece o ponto de situação dos sete casos denunciados ao Ministério Público.