O investimento em Moçambique pode ser uma via de saída da crise para as empresas brasileiras, disse esta quinta feira em Maputo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira.

“As perspetivas de investimento brasileiro no seu país são também uma via de saída, uma via importante de recuperação da capacidade das nossas empresas pelas oportunidades que o seu país oferece”, referiu o governante brasileiro, dirigindo-se ao vice-ministro da Indústria e Comércio de Moçambique, Ragendra de Sousa.

Ambos discursaram na sessão de abertura de um seminário empresarial Brasil — Moçambique, que junta empresários e entidades de ambos os países na capital moçambicana.

A comitiva empresarial brasileira acompanha Aloysio Nunes Ferreira na viagem que o membro do Governo brasileiro está a realizar por África e que hoje e na sexta-feira passa por Moçambique.

A visita acontece numa altura em que o Brasil procura retomar e consolidar uma tendência de crescimento económico. “Os sinais que temos [mostram que] até final deste ano vamos começar a pôr a cabeça de fora para que no ano que vem nós possamos já ter um nível de crescimento bem melhor”, referiu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Não vamos chegar aos 4,5% ou 5% que vocês terão no ano que vem, mas seguramente algo melhor do que aquilo que tivemos nos últimos três anos”, acrescentou, dirigindo-se novamente ao representante do Governo moçambicano.

As perspetivas otimistas para Moçambique foram também sublinhadas por Ragendra de Sousa.

“A nossa moeda [metical] já se valorizou, a qualquer momento estamos à espera de uma redução das taxas de juro e estão criados os sinais para o equilíbrio macroeconómico ser atingido a muito curto prazo”, referiu.

Com uma trégua ilimitada em vigor, o vice-ministro da Indústria e Comércio de Moçambique, Ragendra de Sousa, desafiou os visitantes a viajarem “de Maputo a Pemba, de carro”, ou seja, de uma ponta à outra do país, porque já o podem fazer em segurança.

Moçambique anda nas bocas do mundo por causa das perspetivas milionárias dos negócios do gás, carvão e outros recursos naturais, mas Ragendra de Sousa desafiou os empresários brasileiros a apostarem noutros setores.

O membro do Governo moçambicano defendeu uma aposta em indústrias que ajudem a preencher lacunas internas.

“Nós somos exportadores líquidos de açúcar para os meus compatriotas, mas somos importadores de álcool [um subproduto] para os hospitais”, da mesma forma que Moçambique produz e exporta algodão, mas tem que importar o algodão processado que é usado nos hospitais.

Da parte do Governo moçambicano, o vice-ministro da Indústria e Comércio prometeu todo o apoio. “Temos leis que constituem um desafio para melhorar o ambiente de negócios”, disse, acrescentando que o Governo está a tentar “retirar tudo quanto é burocrático, tudo quanto impede o normal funcionamento da economia”.

Ragendra de Sousa realçou ainda o facto de a lei de Moçambique garantir aos investidores externos o “repatriamento de capital” e aceitar a entrada “de técnicos estrangeiros” para a implantação de investimentos.

No âmbito da visita a Moçambique, o ministro das Relações Exteriores do Brasil entrega, esta quinta feira, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, instituída pelo Governo brasileiro, ao ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Oldemiro Baloi.

A empresa brasileira Vale faz parte do consórcio que investiu 4,1 mil milhões de euros na via férrea de 900 quilómetros que liga as minas de carvão de Moatize ao porto marítimo de Nacala.