No início de junho de 2013, quando Bruno de Carvalho não tinha sequer três meses como presidente do Sporting, a final da Taça de Portugal de andebol desencadeou uma azeda troca de palavras entre o líder dos leões e Adelino Caldeira. O vice-presidente do FC Porto não tinha gostado das analogias de Bruno de Carvalho sobre a fruta a propósito da venda de João Moutinho ao Mónaco. Houve uma pega, grande. Pelo elevado tom da discussão, poucos dos presentes no Pavilhão Eduardo Mansinho, em Tavira, não se aperceberam do ocorrido.

O Sporting anunciou que iria esperar por um pedido de desculpas formal. Nunca surgiu. E, a 5 de junho, anunciou oficialmente por comunicado o corte de relações institucionais com os dragões.

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“Naquele encontro, quando o presidente do Sporting, no âmbito institucional e por normais princípios de urbanidade se preparava para cumprimentar o representante máximo da delegação adversária, este assumiu uma conduta inqualificável de total desrespeito pela instituição Sporting, com cenas lamentáveis que de imediato mereceram o devido repúdio e uma resposta cabal por parte dos dirigentes do Sporting. Face aos graves acontecimentos ocorridos, que se traduziram num total desrespeito pela instituição Sporting e após ter decorrido o tempo suficiente para que os dirigentes do FC Porto se demarcassem e retratassem da inqualificável conduta do seu representante, vem a direção do Sporting comunicar que suspende todas as relações institucionais com o FC Porto até que fique claro o seu efetivo respeito pela nossa instituição, e sua efetiva vontade de estabelecer relações normais e de respeito pela instituição Sporting”, dizia o comunicado. E isso ficou claro quase quatro anos depois.

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No seguimento do encontro desta quarta-feira entre os diretores de comunicação de Sporting e FC Porto, Nuno Saraiva e Francisco J. Marques, os dois clubes emitiram um comunicado conjunto onde explicam o porquê desse reatar de relações, detalhando inclusive o que foi abordado nessa reunião ontem à noite noticiada.

“É um facto que a reunião existiu, mas é falso que na base da sua motivação esteja qualquer sentimento “anti” seja quem for. Os temas que foram abordados prendem-se com questões que consideramos fundamentais para o futuro e pacificação do futebol português e em que, verificámos, existe convergência de posições: o vídeo-árbitro e regras da sua implementação; a publicidade imediata dos relatórios dos árbitros e dos delegados; alterações ao regulamento disciplinar de modo a que esteja conforme a Constituição da República e a que os castigos sejam confinados ao âmbito estritamente desportivo; propostas no sentido de que os recursos para o TAD e o Conselho de Justiça tenham efeito suspensivo das decisões do Conselho de Disciplina; substituição imediata do coordenador dos Delegados da Liga; reconhecimento dos títulos do Campeonato de Portugal como sendo de Campeões Nacionais, como consta da documentação oficial da Federação Portuguesa de Futebol e suas plataformas; regresso dos sumaríssimos para lances em que o árbitro não tenha visto e sejam detetados pela transmissão televisiva; que a lei seja efetivamente cumprida no que respeita às claques e à violência no desporto, doa a quem doer; redução dos jogos disputados à noite”, explica o comunicado colocado pouco depois das 13 horas.

Concluída esta reunião, verificámos que há caminho que pode e deve ser feito em conjunto, considerando que é muito mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. Em face do que consideramos ser a urgência e necessidade de pacificação do futebol português, da obrigatoriedade de introduzir maior transparência e verdade desportiva, e de defender aquilo que são os valores que devem nortear o desporto nacional, entendem os dois clubes estarem reunidas as condições para que seja desencadeado de imediato o processo de reatamento das relações institucionais entre o Sporting e o FC Porto“, finaliza a missiva.

Recorde-se que, ainda antes do encontro entre diretores de comunicação, já tinham surgido alguns sinais de aproximação, adensados nos últimos meses mas que se iniciaram sobretudo a partir da eleição de Pedro Proença como presidente da Liga Portuguesa de Clubes de Futebol.