Os preços aumentaram em Portugal acima da média da zona euro, em abril, e ao ritmo mais elevado dos últimos quatros anos e meio, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Restaurantes, hotéis e transportes são os responsáveis pelo crescimento, devido ao ferido da Páscoa que, em 2017, se celebrou em abril. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o índice harmonizado de preços no consumidor aumentou 2,4% em abril deste ano, comparando com abril do ano passado.

Um dos principais fatores a afetar estas contas é a data de celebração da Páscoa. Como o feriado é móvel, no ano passado aconteceu em março, mas este ano a Páscoa celebrou-se já em abril.

O feriado tem impactos diferentes consoante os indicadores. Nos dados conhecidos pelo comércio internacional, o facto de haver mais um dia útil em março deste ano, comparando com o ano passado, fazia com que o volume de trocas fosse superior este ano. No caso da inflação, o efeito é o contrário: o feriado de Páscoa realizado em abril faz com que a procura por hotéis e restaurantes seja mais elevado, fazendo o índice acelerar.

Foi isso mesmo que aconteceu, segundo o INE. Os preços nos restaurantes, hotéis e transportes foram os que mais aumentaram e esse aumento fez com que os preços subissem mais em Portugal do que na média da zona euro, e ao ritmo mais elevado desde setembro de 2012, altura em que os preços aumentaram 2,9%.

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Esta comparação entre países é feita usando o IHPC, cuja metodologia é estabelecida pelo Eurostat. A diferença na fórmula de calcular esta aumento para o que o INE calcula no índice de preços no consumidor é pouca, mas pode originar algumas variações nos resultados. Habitualmente os resultados são muito semelhantes, com uma décima de diferença, mas em abril a variação é significativa: o IHPC regista um aumento de 2,4%, mas o IPC apenas 2%.

A diferença pode estar no turismo. O IHCP, definido pelo Eurostat, conta com a despesa dos turistas em Portugal para calcular a evolução de preços, mas o indicador calculado pelo INE não.

Ambos os indicadores são válidos, mas para comparações com os restantes países da União Europeia deve ser usado o índice harmonizado. Este é também o indicador usado pelo Banco Central Europeu para aferir o importante conceito da estabilidade de preços sob o qual decide a sua política monetária.