O regresso da ferrovia, da rede elétrica e dos correios às mãos do Estado, a criação de um teto para a fatura energética das famílias, a abolição gradual das propinas e muito mais dinheiro para o serviço nacional de saúde. Estas são algumas das propostas radicais que constam do manifesto do Partido Trabalhista para as eleições legislativas de 8 de junho no Reino Unido, de acordo com um esboço que foi parar à imprensa britânica.

O documento secreto e ainda em discussão foi revelado pelo Daily Telegraph e é já considerado o manifesto mais à esquerda apresentado pelo Partido Trabalhista desde 1983.

Fontes do partido ouvidas pelo The Guardian afirmam que Jeremy Corbyn, líder dos trabalhistas, quer um programa de transformação com um pacote que cubra o serviço nacional de saúde, a educação, a habitação, o mercado de trabalho, bem como a intervenção do Estado em setores estratégicos da economia – mas com laivos de nacionalização. Os críticos olham para as propostas como um regresso ao passado da política trabalhista dos anos 70, com os conservadores a falarem num plano para lançar o caos no Reino Unido.

Aqui ficam algumas das medidas do manifesto:

  • A criação de um teto imediato nos preços da energia para garantir que a fatura média anual da energia para os clientes domésticos não ultrapassa as mil libras (1.190 euros) por ano.
  • A construção de cem mil casas pelas entidades de administração local e a criação de um departamento de habitação.
  • Travar o já aprovado plano para aumentar a idade de reforma para além dos 66 anos.
  • O regresso dos operadores ferroviários para o controlo público, à medida que terminarem as concessões. Na exploração pública, as tarifas serão congeladas e toda a rede terá acesso à internet (wi-fi)
  • Controlo do Governo sobre a rede elétrica e a criação de uma empresa de comercialização elétrica por cada região no Reino Unido.
  • Abolição das propinas e atribuição de subsídios aos estudantes universitários.
  • Antecipar a idade do voto para os 16 anos
  • Mais 6.000 mil milhões de libras (7.140 milhões de euros) anuais para o serviço nacional de saúde britânico, (NHS), financiado por um aumento do imposto sobre o rendimento dos 5% de contribuintes que mais ganham.
  • Evoluir no sentido de criar um serviço nacional de assistência social com um investimento de oito mil milhões de libras na próxima legislatura.
  • Criação de um ministério do trabalho para promover os direitos dos trabalhadores.
  • Quatro novos feriados para assinalar os dias dos santos patronos.
  • Reforçar proteção e apoio a mães
  • Evitar aumentos de impostos para os rendimentos abaixo das 80 mil libras (95 mil euros) por ano.
  • Subsídios para o aquecimento no inverno e passes grátis nos autocarros para os pensionistas.

Depois do líder trabalhista ter gerado polémica ao afirmar que estava absolutamente confortável com o segundo referendo à independência da Escócia, o manifesto vai no sentido contrário afirmar que o partido irá promover uma campanha incansável para garantir que é respeitado o desejo de ser uma parte do Reino Unido.

O programa apoia o resultado do referendo que apontou para a saída da União Europeia e defende a construção de uma parceria com a UE. Na imigração, o tema mais forte do Brexit, o Partido Trabalhista propõe regras “justas e razoáveis”, mas sem falsas promessas, prevendo o fim dos apoios públicos para os membros das famílias dos imigrantes e a constituição de um fundo para apoiar comunidades migrantes financiado com uma taxa sobre vistos.

Este guião de Corbyn, que surgiu numa fuga de informação para a imprensa, deverá ser alvo de uma forte discussão dentro do próprio Partido Trabalhista A versão final do documento vai sair do debate que se realiza esta quinta-feira nos órgãos do partido.

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