Um responsável da administração Trump para a luta contra o Estado Islâmico (EI) considerou, esta sgeunda-feira, que “Portugal tem tido êxito” a controlar o regresso dos combatentes terroristas estrangeiros, um problema de máxima prioridade.

“O fluxo de regresso dos combatentes terroristas estrangeiros é um assunto de enorme preocupação para nós e o desafio que se coloca é saber o que os diferentes países estão preparados para fazer a esse respeito”, declarou o tenente-general do Exército norte-americano Terry Wolff, enviado-especial adjunto do Presidente dos Estados Unidos para a coligação global contra o EI.

Wolff falava em Lisboa numa conferência organizada pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e pelo Georgetown Clube Portugal, com o apoio da embaixada norte-americana em Lisboa.

A coligação internacional contra o EI pode travar os combatentes estrangeiros de duas maneiras: pode matá-los se eles estiverem no campo de batalha, mas em última análise cerca de 20% vão sair do Iraque e da Síria e vão para um lado qualquer, incluindo para casa”, disse o tenente-general.

Por isso mesmo, salientou o responsável, a batalha global que existe agora “tem menos a ver com operações militares e muito mais com [o acompanhamento do regresso] dos combatentes estrangeiros, com a forma como os países partilham informação – em alguns casos informação secreta (intelligence) – e como é que os países lidam com este problema nos seus tribunais, [respeitando] o Estado de Direito”.

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Em declarações à Lusa, Terry Wolff salientou que “Portugal tem feito o que é preciso” e tem tido “êxito” na monitorização dos combatentes terroristas estrangeiros.

Sei que os números [de portugueses que se deslocam para a Síria ou Iraque para combater pelo EI] são muito, muito baixos. (…) Mas há sempre uma razão pela qual vocês têm tido êxito aqui: em parte deve-se à integração da fé muçulmana, que tem sido boa. Por isso, por causa dessa inclusão, o número de pessoas que decidiram ir para a Síria ou para o Iraque lutar é baixo”, adiantou o tenente-general norte-americano.

Para Terry Wolff — que está em funções desde novembro de 2015, ainda com a administração Obama — “as coisas boas que acontecem em Portugal diminuem as possibilidades de as pessoas quererem sair daqui para ir lutar pelo EI”.

O militar destacou ainda o papel “fundamental” das comunidades muçulmanas em Portugal, que “estabelecem as normas e as regras do que é ou não é aceitável na fé”.

O responsável norte-americano enalteceu também a “contribuição excecional” de Portugal na coligação contra o EI, nomeadamente no treino prestado pelos militares portugueses às forças de segurança iraquianas.

Alguns países estão envolvidos na luta cinética, por outras palavras estão a dar apoio de combate, a lançar bombas, a disparar mísseis ou artilharia em apoio das forças de segurança iraquianas ou das forças sírias. E cerca de 19 países estão a treinar as forças de segurança iraquianas: foi isso que Portugal decidiu que queria fazer. E esta é uma contribuição excecional”, disse Terry Wolff.