A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas confirmou esta terça-feira que o país está a preparar com a China um novo conjunto de sanções contra a Coreia do Norte e admitiu o diálogo com Kim Jong-Un. “Estamos dispostos a conversar, mas não até ver uma paragem completa do processo nuclear e de qualquer teste que esteja a ser conduzido”, disse a embaixadora Nikki Haley aos jornalistas.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou esta terça-feira uma nova resolução condenando o teste de míssil realizado pelo país no domingo e ameaçando com novas sanções, mas o documento final não concretizava as penas que podem ser impostas. “É nisso que estamos a trabalhar agora. Sanções estão absolutamente dentro daquilo para que estamos a olhar e vamos ver até onde é que isso nos leva”, explicou a embaixadora.

Nenhuma resolução será aprovada no Conselho de Segurança sem o apoio da China, que como membro permanente tem o poder de veto, e é por isso os Estados Unidos estão a trabalhar nesse documento com o aliado asiático, que é o maior parceiro comercial da Coreia do Norte.

Nikki Haley também admitiu sanções para os países que apoiem a Coreia do Norte. “Ou apoiam a Coreia do Norte ou apoiam-nos, tudo se resume a isso. Se um país está a fornecer ou apoiar a Coreia do Norte, vamos denunciá-lo. Vamos garantir que todos sabem o que está a fazer e vamos direcionar as sanções [para esse país] também”, admitiu.

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Na resolução esta terça-feira aprovada, o Conselho de Segurança pede à Coreia do Norte que “de imediato mostre um sincero compromisso com a desnuclearização através de ações concretas” e que “não realize mais testes de mísseis nucleares e balísticos.”

No ano passado, a ONU aprovou novas sanções para impedir que a Coreia do Norte tenha os fundos necessários para desenvolver o seu programa nuclear. Estas medidas constituíram a sexta ronda de sanções imposta pela comunidade internacional desde 2006, quando a Coreia do Norte realizou testes de mísseis pela primeira vez, e devem agora ser seguidas por novas sanções que estão a ser negociadas pelos Estados Unidos e a China.

Na resolução, os 15 membros do Conselho de Segurança “prometem implementar completamente as medidas impostas” e “encorajam fortemente” a que todos os outros países sigam o seu exemplo para que a Coreia do Norte termine com o “comportamento altamente destabilizador.”

Já na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, tinha condenado os testes que a Coreia do Norte continua a realizar. “Esta ação viola as resoluções do Conselho de Segurança e é uma ameaça à paz e segurança na região”, disse Guterres através do seu porta-voz, Stéphane Dujarric. Segundo o mesmo responsável, Guterres pede à Coreia do Norte que cumpra com as suas obrigações internacionais “e regresse ao caminho da desnuclearização”.

A Coreia do Norte disparou um novo míssil balístico no domingo, que disse ser um novo modelo de “médio e longo alcance”. O disparo do míssil balístico — o segundo no espaço de 15 dias — foi interpretado como um desafio, na sequência da recente eleição do novo Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-In.

A NATO criticou o lançamento do míssil e apelou a Pyongyang para que incentive o desanuviamento da tensão, em vez de insistir “nas provocações”. O míssil constitui “um incumprimento flagrante de várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, o que pressupõe “uma ameaça à paz e à segurança internacional”.

A União Europeia considerou o disparo “uma ameaça à paz e segurança internacional”, numa escalada da tensão na região.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu o agravamento de sanções contra a Coreia do Norte, na sequência deste último disparo. Também a China e a Rússia já reagiram, mostrando-se “preocupadas com a escalada de tensão” na península coreana.