Javier trabalhava para o jornal Ríodoce, que esta segunda-feira escreveu “hoje acertaram-nos no coração”. Aos 50 anos, foi vítima de um ataque do crime organizado. É considerado o jornalista que mais – e melhor – contribuiu para o jornalismo de investigação, nomeadamente no combate ao narcotráfico.

Valdez foi autor de vários livros sobre o tráfico de droga e, em 2011, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas atribuiu-lhe o Prémio Internacional de Liberdade de Imprensa pelo seu trabalho. O discurso que na altura leu ressoa hoje com mais importância: “Em Culiacán, Sinaloa, é um perigo estar vivo e ser jornalista”.

O site do seu jornal escreve sobre a sua morte:

É um golpe forte para nós, para a sua família, mas também para o jornalismo, o sinaloense, o mexicano mas, acima de tudo, para todo o jornalismo de investigação que escreve e publica em liberdade. Desde que decidimos dar cobertura ao temo do narcotráfico, sempre soubemos que isto podia acontecer; sabia-o Javier e todos nós no Ríodoce. E escrevemos sempre com medo, todos estes anos.”

Javier torna-se o sexto jornalista a ser assassinado no México este ano. Em 2016 foram 11. Não houve, até ao momento, nenhuma detenção relacionada com estes crimes apesar de o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, ter condenado o sucedido.

O crime organizado já matou mais de 100 jornalistas desde o ano 2000. O Índice Internacional de Liberdade de Imprensa, lançado anualmente pela organização Repórteres Sem Fronteiras, coloca o México na 147.ª posição (de 180). “Terra dos cartéis da droga, o México continua a ser o país do Ocidente mais mortífero para os media” escreve a organização. “Quando os jornalistas cobrem assuntos ligados ao crime organizado ou à corrupção política (especialmente ao nível local), tornam-se imediatamente alvos e são frequentemente executados a sangue frio. A maioria destes crimes não coloca ninguém atrás das grades, com a corrupção do México a contribuir para isso”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR