A Associação Portuguesa do Cancro Cutâneo (APCC) alertou esta quarta-feira para a importância de conhecer os sinais para tornar mais eficaz o autoexame ao cancro de pele, no dia em que o rastreio nacional arranca em 42 serviços de dermatologia. “Os cancros de pele estão a aumentar e isto tem que ver com comportamentos de risco tidos há anos, seja por exposição profissional seja de lazer, pois as lesões aparecem mais tarde”, alertou o secretário-geral da APCC, Osvaldo Correia.

Em declarações à agência Lusa, o responsável sublinha que o rastreio nacional que arranca hoje — Dia dos Cancros de Pele/Dia do Euromelanoma — é especialmente dirigido a adultos que tenham sofrido queimaduras solares em jovem, seja por desporto ao ar livre ou por exposição por questões profissionais, os que frequentaram solários ou que têm antecedentes de familiares com cancro de pele.

“É impossível observar todos os que gostariam de participar neste rastreio, mas é importante sensibilizar para a pessoa ir ao médico de família, que em caso de dúvida orienta para um especialista, e saber identificar as lesões”, afirmou Osvaldo Correia. O responsável da APCC sublinha que “nem todas as lesões apresentam risco” e que, por isso, é importante que as pessoas se informem e conheçam os sinais.

“Cada vez mais detetamos lesões em casos mais precoces e isso é importante. Um cancro de pele detetado em fase precoce é tratado e se for detetado já mais tarde, sobretudo os melanomas, pois são lesões assintomáticas, podem ocorrer metásteses e levar à morte”, disse.

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Segundo a APCC, a taxa de incidência de cancro de pele é maior nos Açores, um dado que Osvaldo Correia explica não só por fatores genéticos — população de pele e olhos claros, fototipo com condições de maior risco -, mas também com o facto de anteriormente não ter tido acesso a tantas campanhas de informação.

Num rastreio feito a 350 pessoas na ilha de S. Jorge, nos Açores, 50 foram submetidas a cirurgia e 100 a criocirurgia. “Foram populações que eventualmente tiveram menos campanhas de informação, tal como outras do interior do país, que têm menos acesso, logo menos informação e menos diagnóstico precoce”, explicou.

No dia da apresentação da campanha deste ano, no início de maio, o responsável da APCC apelou para a criação, em cada Unidade de Saúde Familiar, de equipas especializadas e preparadas para despistar através da teledermatologia suspeitas de cancro de pele.

De acordo com Osvaldo Correia, o equipamento necessário para estes médicos e enfermeiros pagar-se-ia ao evitar três cirurgias desnecessárias que hoje se fazem.

Questionado pela Lusa esta terça-feira, Osvaldo Correia diz que ainda não houve feedback da parte do Governo, mas sublinhou: “Envolvendo os médicos de família, os centros de saúde, tal como hoje existe para hipertensão e para a diabetes um grupo dedicado, é importante que aconteça o mesmo com o cancro de pele”.

Mais de 40 serviços de dermatologia do continente e ilhas participam hoje no rastreio nacional gratuito, no âmbito do Dia do Euromelanoma, iniciativa que no ano passado detetou quase 100 suspeitas de cancro de pele. O rastreio é promovido pela APCC, com o patrocínio da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia e da Direção Geral de Saúde, e no ano passado avaliou cerca de 1.700 pessoas.

A incidência dos vários tipos de cancros da pele tem vindo a aumentar em todo o mundo, estimando-se que em Portugal, este ano, sejam diagnosticados mais de 12.000 novos casos de cancros da pele. Cerca de 1.000 serão casos de melanoma.