As crianças portuguesas eram, em 2014, das mais obesas (5%) da Europa, logo atrás da Grécia (6,5%), Macedónia (5,8%), Eslovénia (5,5%) e Croácia (5,1%), apesar de, nos últimos anos, ter diminuído a percentagem de obesidade infantil no país.

Onde o problema é mais visível e preocupante é junto dos meninos e, sobretudo, de 11 anos (um em cada 10 sofria de obesidade). As meninas sofrem menos de obesidade e é junto das de 15 anos que o problema é menos acentuado (1% de obesidade registada), de acordo com o estudo divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Porém, este não é um problema exclusivo de Portugal. “A obesidade é considerado um dos mais sérios desafios de saúde pública do século XXI. Cerca de um em cada 10 jovens entre os cinco e os 17 anos têm excesso de peso ou obesidade, com estes níveis a crescer rapidamente em vários países e regiões nos últimos anos”, escreve a OMS.

No conjunto dos 27 países e regiões da Europa, em 2014, 4% das crianças eram obesas, variando entre uma taxa de apenas 0,7% de meninas obesas na na Ucrânia e 14% de meninos de 11 anos obesos na Macedónia. Se considerarmos as crianças também com excesso de peso, essa percentagem sobe de 4 para 19%.

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A Organização sublinha que a maioria das crianças com excesso de peso ou obesidade “vive agora nos países desenvolvidos”, sobretudo por causa das mudanças nas dietas — com maior consumo de fast food e doces — e o aumento do sedentarismo. Em Portugal, curiosamente, diminuiu o consumo de açúcares e de refrigerantes e aumentou a percentagem de crianças que pratica atividade física com regularidade. Ainda assim não houve uma melhoria suficiente para tirar o país do Top dos mais obesos.

Jovens portugueses são dos que consomem mais fruta, apesar da quebra dos últimos anos

Em 2014, só 38% dos adolescentes de 11, 13 e 15 anos de 40 países e regiões europeias consumiam fruta diariamente e 3% admitiram nunca comer fruta. Em relação aos vegetais, apenas 36% dos adolescentes com as idades acima referidas consome diariamente legumes e 5% nunca comem.

Portugal está entre os países (8.º lugar) onde os jovens mais comem fruta: 40,9% dos rapazes e raparigas diziam, em 2014, comer fruta diariamente. Isto apesar de, nos últimos anos, Portugal ter sido um dos cinco países onde se registou uma maior quebra no consumo de frutas entre 2002 e 2014. Os outros quatro onde a quebra foi também acentuada são a Grécia, Israel, Malta e Polónia.

À medida que as crianças vão crescendo e entrando na adolescência, pioram o comportamento alimentar e a alimentação saudável torna-se ainda menos comum. O consumo de frutas e produtos hortícolas diminui e aumenta o consumo de doces e refrigerantes. A OMS sublinha que é “particularmente preocupante” o consumo de açúcares livres, através de bebidas açucaradas.

Relembrando que os açúcares devem representar menos de 10% do total de ingestão calórica diária e que um consumo inferior a 5%, ou seja, cerca de 25 gramas por dia, traz “benefícios adicionais para a saúde”, a OMS alerta que só com um refrigerante já se ingerem facilmente 40 gramas de açúcares livres.

Crianças portuguesas são das que passam menos tempo em frente à televisão

Outro dos pontos focados neste estudo prende-se com a prática de exercício físico. As recomendações internacionais apontam para a prática de 60 minutos de atividade física moderada diária e atividade intensa três vezes por semana, no caso das crianças e jovens entre os cinco e os 17 anos. Mas, na prática, estas recomendações não são seguidas. “O sedentarismo domina o quotidiano dos adolescentes. Os jovens gastam aproximadamente 60% do seu tempo acordado sentados.”

Em 2014, mais de 50% dos jovens de 15 anos viam televisão duas horas ou mais por dia. Mas as diferenças entre os países são significativas e, neste indicador, Portugal fica bem na figura, sendo, o país onde os jovens, de ambos os géneros, passam menos tempo em frente à tv, assim como na Suíça. Já na Holanda, Roménia e Reino Unido mais de 70% dos jovens viam televisão duas ou mais horas por dia.

Entre outros problemas, a obesidade aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares e está também relacionada com problemas de natureza emocional.