O Ministério da Agricultura de Angola proibiu a importação de carne proveniente de 21 estabelecimentos brasileiros em investigação naquele país, conforme despacho de 9 de maio a que a Lusa teve acesso esta sexta-feira.

Em causa está o escândalo da carne exportada por empresas brasileiras em investigação por suspeitas de adulteração de produto estragado com recurso a químicos, conhecido em março e desde então também em investigação em Angola. No despacho assinado pelo ministro da Agricultura, Marcos Nhunga, refere-se que as autoridades brasileiras confirmaram “as referidas irregularidades” e interditaram 21 estabelecimentos empresariais.

Estas mesmas empresas passam a ser proibidas de exportar carne para Angola, de acordo com este despacho, que ainda determina que os importadores devem “obrigatoriamente anexar no processo de importação a declaração do estabelecimento de origem”.

“Os laboratórios nacionais de controlo de qualidade alimentar, sob coordenação do Instituto dos Serviços de Veterinária, devem proceder à análise e certificação de todas as mercadorias à chegada”, refere o despacho, que também define a necessidade de “reforçar as atividades de inspeção e fiscalização das carnes provenientes da República Federativa do Brasil”.

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Angola lançou no final de março uma investigação à existência no país de carne proveniente de empresas do Brasil envolvidas na adulteração de produto estragado com recurso a químicos. A polícia brasileira descobriu em março que várias das principais empresas de carne do país, com a cumplicidade de agentes públicos e gestores empresariais, acrescentaram produtos químicos a carnes que estavam em mau estado e não cumpriam os requisitos para exportação.

Conforme indicou na altura à Lusa o diretor dos Serviços de Veterinária de Luanda, Edgar Dombolo, foram colocadas equipas no terreno a fazer a recolha de dados sobre as importações, não tendo sido divulgada qualquer situação anormal.

O responsável referiu que Angola importa carne bovina, suína e aves do Brasil, salientando que este caso merece alguma celeridade, para se informar o público consumidor. O Governo brasileiro atribuiu as irregularidades a um delito de corrupção – a certificação de produtos adulterados foi obtida através de subornos – e não a um problema de saúde pública ou falta de controlo sanitário.