Pedro Pereira, Kalaica e Hermes entraram logo de início. Aqui nem havia dúvida: Rui Vitória já tinha contado com 31 atletas. E campeões. Faltava um, aquele que pouco ou nada joga mas que os adeptos do Benfica mais admiram. Por ser o mais velho, por ser benfiquista assumido, por ter sido formado no clube, por celebrar os títulos pendurado na trave da baliza. O respeito dos companheiros de equipa por Paulo Lopes diz tudo: antes de entrar, Jonas incentivou-o e André Almeida deu um beijo na careca; em campo, ficou com a braçadeira que era de Eliseu mesmo com o açoriano ainda em campo. E, em 12 minutos mais descontos, ainda teve algum trabalho pela frente.
Ao todo, nas últimas quatro épocas Paulo Lopes fez quatro jogos na Primeira Liga (dois em 2013/14, um em 2015/16 e um em 2016/17) e um total de 201 minutos. Só na época 2014/15 não chegou a ser utilizado na prova. Ainda assim, é tricampeão de currículo e tetracampeão a nível de reputação. E ganhou o seu lugar na história, tornando-se num dos poucos jogadores que foram campeões em mais do que uma época alinhando apenas num jogo. Quer outro exemplo? Bento, um dos maiores guarda-redes de sempre da história do Benfica e de Portugal: entre os oito Campeonatos ganhos, em dois só disputou uma partida.
Em 1972/73, ano em que o Benfica arrasou por completo na Primeira Liga, o então jovem guardião cumpriu apenas 30 minutos de um jogo à 26.ª jornada, frente ao Farense (5-0), substituindo o indiscutível José Henrique. Mais tarde, em 1986/87, o então já veterano guardião disputou 90 minutos na última jornada, num empate em Braga a uma bola. No total, Bento esteve 18 anos no Benfica, entre 1972 e 1990, disputando um total de 465 jogos pelos encarnados e ganhando oito Campeonatos, seis Taças de Portugal e duas Supertaças.
Aqui fica a lista de todos os campeões do Benfica que realizaram apenas um jogo nessa época. E olhe que tem alguns nomes bem conhecidos, logo à cabeça um tal de… Eusébio da Silva Ferreira.
1935/36: –
1936/37: –
1937/38: Luís Rodrigues e Rosa
1941/42: Conceição Rodrigues
1942/43: Carvalho e Guia Costa
1944/45: Jacinto, Brito, A. Teixeira, Félix e J. Luís
1949/50: Diamantino, Espírito Santo e Clemente
1954/55: Pegado
1956/57: Naldo e Santana
1959/60: Mendes, Zezinho e Alfredo
1960/61: Jorge, Moreira, Inácio, Sidónio, Peres e Eusébio
1962/63: Saraiva e Maximiano
1963/64: Rita e Calado
1964/65: Nascimento, Santana, Melo e Arcanjo
1966/67: Camolas, H. Fernandes e Melo
1967/68: Ferreira Pinto e Camolas
1968/69: Malta Silva, Cavém, Manuel José e Pavão
1970/71: Fonseca, Messias e Jacinto
1971/72: Fonseca e Eurico
1972/73: Shéu, António Bastos Lopes e Bento
1974/75: José Pedro
1975/76: Cavungi e Fonseca
1976/77: Cavungi, Messias e Álvaro
1980/81: Toni
1982/83: –
1983/84: –
1986/87: Neno e Bento
1988/89: Mariano e Abel Silva
1990/91: –
1993/94: Hernâni, Silvino, Pedro Henriques, Nuno Afonso e Paulo Santos
2004/05: Everson e André Luís
2009/10: Luís Filipe e Urreta
2013/14: João Cancelo, Bernardo Silva, Steven Vitória e Lindelöf
2014/15: Mukhtar, Bebé e Jonathan Rodríguez
2015/16: Clésio, Nuno Santos, Jovic e Paulo Lopes
2016/17: Jardel, Pedro Pereira, Kalaica, Hermes e Paulo Lopes