O jornalista e escritor Gilberto Ferraz morreu aos 83 anos na passada sexta-feira em Londres, onde vivia desde 1965, informou hoje fonte da família à agência Lusa.

Natural de Tonda, em Tondela, onde nasceu em 09 de fevereiro de 1934, Gilberto Ferraz começou a carreira de jornalista no quinzenário “Espada do Senhor” em Portugal, mas em 1965 mudou-se para Londres, após receber um convite para trabalhar na secção portuguesa da BBC.

Permaneceu na estação pública britânica durante três décadas, tendo sido fundador e responsável pelo Departamento de Estudos de Audiência de Língua Portuguesa, que incluía a secção brasileira e que tinha por missão avaliar as reações dos ouvintes do Serviço Mundial da BBC.

Durante quatro anos foi presidente do sindicato ‘Association of Broadcasting Staff’, tornando-se no primeiro não britânico a ocupar o lugar.

A partir de 1978 iniciou uma colaboração de correspondente com o Jornal de Notícias, funções que também exerceu, mais tarde, para a rádio TSF e, pontualmente, para a RTP.

No ano passado publicou o livro “Por Terras de Sua Majestade”, que recusou ser de memórias, mas antes de “de experiências e de observações” ao longo de meio século de vida no Reino Unido.

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Mais tarde publicou outro livro, “Timor-Leste – Dívida por Saldar”, onde reúne depoimentos, artigos de imprensa e outros documentos a campanha pela independência de Timor-Leste no Reino Unido.

Gilberto Ferraz foi também um cidadão ativo política, com ligações ao PSD, e civicamente.

Em 2008, foi o primeiro de várias pessoas a queixar-se junto da entidade reguladora da comunicação social britânica contra um texto de opinião insultuoso contra o embaixador português, António Santana Carlos, a propósito do desaparecimento de Madeleine McCann, forçando o diário Daily Mirror a retratar-se.

No mesmo ano, dinamizou uma outra petição contra o fim do voto por correspondência dos residentes no estrangeiro que reuniu 5.533 assinaturas e conseguiu ser debatida na Assembleia da República, contribuindo para que a proposta de lei fosse abandonada.

Mais recentemente, em março, lançou uma petição pública em que apela ao Presidente da República o reforço dos meios no consulado de Londres, invocando a sua condição de “um dos mais antigos membros da comunidade lusa no Reino Unido”.

O seu trabalho como correspondente no Reino Unido mereceu ser agraciado com a Comenda de Mérito do governo português em 1995, por “altos serviços prestados ao jornalismo”.