“Agora é o momento de nos sentarmos, conversar, olharmo-nos nos olhos e falar sobre o projeto. Foi me encarregue uma missão. Tenho a convicção que o FC Porto merece estar no expoente máximo do futebol português. Isso requer muito trabalho. Não necessito de nada mais do que um contrato e a personalidade para fazer o meu trabalho”, atirou Nuno Espírito Santo na flash interview após a derrota em Moreira de Cónegos por 3-1.
⚠️FC Porto termina a época com 55,1% de vitóras (27V em 49J), o pior registo desde 2004/05, e o 2.º pior desde 1988/89 pic.twitter.com/vIt9KB1Pyt
— playmakerstats (@playmaker_PT) May 21, 2017
“Hoje falhou muita coisa, não foi bom. Foi um mau jogo da nossa parte. Era difícil encontrar concentração, que era aquilo que o jogo necessitava. Apesar de dominarmos, não conseguimos ser eficazes e produtivos. Um jogo que não é o reflexo da nossa equipa”, acrescentou sobre a partida em si. Mas será que não haverá consequências?
?O FC Porto sofreu a maior derrota da temporada, na 1.ª vez que sofreu 3 golos num jogo frente ao Moreirense pic.twitter.com/Wc2dNoDq1h
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Nuno Espírito Santo foi uma aposta pessoal de Pinto da Costa, ciente que um dos pontos em falta nos dragões era aquela mística que tinha conduzido a equipa a tantas vitórias. Por isso, e como o antigo guarda-redes estava livre após sair a meio da época do Valencia, não demorou a fechar negociações com aquele que ainda hoje é conhecido pela frase “Somos Porto!”, no seguimento dos castigos a Sapunaru e Hulk por causa dos incidentes no túnel da Luz.
O início não foi fácil pela intermitência, mas o apuramento para a fase de grupos da Champions após vencer a Roma foi um balão grande de paciência para os adeptos azuis e brancos. Que, face a uma série de triunfos consecutivos na segunda volta, acreditaram mesmo que poderiam ser campeões. E era só isso também que sobrava, porque as Taças de Portugal e da Liga já tinham acabado, enquanto o sonho de ir mais longe na Liga dos Campeões ficou quase sentenciado a derrota por 2-0 em casa com a Juventus na primeira mão dos oitavos-de-final. Bem ou mal, é a última imagem que fica. E essa foi cinzenta, cinzenta. Pelo menos cinzenta. Veremos se não ficará mesmo negra.
Nas últimas nove jornadas, o FC Porto teve até duas vezes a oportunidade de isolar-se na frente do Campeonato e muitas mais para adiar tudo para a última ronda. Ao invés, com algumas exibições sofríveis, os dragões fizeram 14 em 27 pontos, com três vitórias, cinco empates e uma derrota. Para quem queria uma equipa com estofo, foi esse mesmo estofo que faltou nos momentos decisivos da temporada. E Pinto da Costa, que não ganha nenhum troféu desde agosto de 2013, agudizou o maior jejum de troféus que teve em 35 anos de presidência. De forma “anormal” para o que é costume, a contestação chegou mesmo às paredes da casa do número 1 azul e branco.
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Como se percebeu pelas palavras do técnico no final da partida, alguma coisa terá de mudar. Mas dizer que este foi um ano bom para construir uma base para o futuro também não é bem assim: se o FC Porto não vendesse nenhum jogador, aceitava-se essa ideia; assim, o mais provável é mesmo que baralhe, parta e volta a dar uma nova equipa. Com ou sem Nuno Espírito Santo, eis a dúvida. O técnico tem mais um ano de contrato, mas sabe-se bem que isso no futebol pode não querer dizer nada. Esperemos então pelo tal encontro, “olhos nos olhos”. Até porque a contestação interna ao treinador não é propriamente uma coisa recente.