Portugal vai sair do Procedimento por Défices Excessivos (PDE), o que é uma “grande notícia”, diz Luís Marques Mendes. Contudo,”não vale a pena embandeirar em arco porque não vamos ter facilidades, vamos ter de continuar a reduzir o défice e vamos ter de continuar a reduzir a dívida — até agora, a dívida tem subido”. O ex-líder do PSD adiantou, também, que, na sua análise, vai haver um grande alívio de IRS para a classe média, em 2019 — ano de eleições.

Comissão vai recomendar fim do Procedimento dos Défices Excessivos a Portugal

“A decisão está tomada, já foi tomada esta semana pelo Colégio de Comissários e vai ser confirmada às 10h30, na conferência de imprensa”, indicou Marques Mendes no seu comentário semanal na SIC. “Havia um comissário ou outro mais renitente, porque o importante é o futuro, pelo que o governo português enviou uma carta para Bruxelas com alguns compromissos com a continuada redução do défice. Essa carta ajudou a que a Comissão tomasse a decisão”, acrescentou o ex-líder do PSD.

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Para Marques Mendes, esta “é uma grande notícia, estamos na lista negra desde 2009”. Porém, “não vale a pena embandeirar em arco porque não vamos ter facilidades, vamos ter de continuar a reduzir o défice e vamos ter de continuar a reduzir a dívida. Até agora, a dívida tem subido”, sublinha.

O mais importante é a credibilidade, porque ajuda a formar uma imagem de um país cumpridor, ajuda a reforçar a confiança na economia portuguesa. É bom porque é um sinal para as agências de rating poderem subir o rating lá mais para o final do ano”

Quanto a méritos, eles são “repartidos”, diz Marques Mendes.

O governo anterior reduziu o défice de 11% para 3%, mas António Costa reduziu o défice para um mínimo de 2%, depois há mérito dos portugueses porque houve cortes nos salários, subidas de impostos etc. Espero que ninguém se tente apropriar, porque isso é muito feio”

Classe média vai pagar menos IRS a partir de 2019, ano de eleições

Com notícias de que a esquerda parlamentar quer um agravamento do IRC, Marques Mendes diz que, na sua opinião, isso é “uma loucura, uma maluqueira, salvo o devido respeito pelo BE e pelo PCP, que defendem isso”. Marques Mendes sublinha que se houvesse um agravamento do IRC as empresas portuguesas ainda iriam “fugir mais para Malta, para Holanda, em vez de pagar impostos cá tentariam ainda mais ir lá para agora”.

Só acontecerá se António Costa for louco, e António Costa é tudo menos louco. É um pragmático e é uma pessoa que percebe isto. Seria um péssimo sinal para os investidores”.

Quanto ao IRS, “no Orçamento para 2018 e 2019 vamos ter mexidas no IRS, mais escalões. Por aquilo que conheço da ação do governo, será feito em duas fases — no fundo é um benefício fiscal através de mais escalões”. “Em 2018, cria-se mais um escalão para as classes mais baixas. E em 2019 poderá ser feito algo mais para as classes médias, por razões políticas, porque 2019 é ano de eleições. E o Governo não costuma brincar em serviço, muito menos António Costa, que nunca dirá “que se lixem as eleições”.

Quanto ao PSD, Luís Marques Mendes diz que, com os números do crescimento divulgados pelo INE na semana passada — ainda que o Governo anterior também tenha mérito — fica a perder porque insistiu no discurso do diabo e, agora, “se não muda de vida, arrisca-se a passar oito anos na oposição”.

Se Medina não tiver maioria absoluta, será “uma vitória pífia”

Num comentário às autárquicas em Lisboa e em Matosinhos, duas câmaras que Marques Mendes analisou esta semana, o ex-líder do PSD diz que “Fernando Medina tem tudo a favor de ter uma maioria absoluta. Herdou a Câmara de António Costa de forma tranquila, não tem tido grande oposição, fez alguma obra, alguma que até deu dores de cabeça aos lisboetas, conseguiu evitar que Mariana Mortágua avançasse pelo Bloco de Esquerda e, objetivamente, teve a vantagem de PSD e CDS irem divididos”.

“Se, perante tudo isto, não tiver maioria absoluta, é uma vitória pífia”, afirma Marques Mendes.

Quanto ao 2º e 3º lugares, “esse vai ser o outro picante da noite das eleições”. “Em teoria, o PSD é mais forte. Na prática, alguns estudos de opinião dizem que Teresa Leal Coelho está em segundo lugar e Assunção Cristas em terceiro lugar, que tem tido alguma dificuldade”.

Assunção Cristas tem uma barreira psicológica: se ficar acima de 10% tem um bom resultado, se ficar abaixo de 10% fica um pouco abaixo das expectativas”

Marques Mendes comentou, também, a corrida a Matosinhos, onde o PSD ainda não tem concorrente.

“O PS tem, aqui, uma oportunidade de recuperar esta câmara, porque Matosinhos tende a votar mais PS”, diz Marques Mendes, lembrando que o ex-presidente Narciso Miranda é um dos independentes que concorrem a esta câmara, que atualmente é independente. “O problema é que o PS está dividissímo” entre a candidata oficial, Luísa Salgueiro, e os independentes.

Entretanto, o PSD “não se percebe” porque é que não tenta “capitalizar a divisão no PS mas não tem candidato nenhum”.