No dia em que a Comissão Europeia fez a recomendação para Portugal sair do Procedimento por Défices Excessivos, o ministro das Finanças português deu uma entrevista ao canal de notícias norte-americano CNBC onde deixou a porta aberta à presidência do Eurogrupo. Quando se achava que a polémica da suposta sondagem a Mário Centeno para o cargo estava encerrada, o ministro mantém o tabu e não exclui vir a substituir o holandês Jeroen Dijsselbloem. Isto embora haja “muito a fazer em Lisboa”, disse.

Dizendo que tem muitos assuntos pendentes em Lisboa, Mário Centeno reforçou que esses assuntos “não estão necessariamente” apenas nas suas mãos. E questionado sobre se preferia a cozinha belga à cozinha protuguesa, caso tivesse de passar mais tempo em Bruxelas, foi cuidadoso em manter a suspeita no ar. “A cozinha em Lisboa é muito melhor, mas não teria de abdicar dela de qualquer maneira”, disse, referindo-se ao facto de o presidente do Eurogrupo ser sempre um ministro das Finanças em funções.

O Eurogrupo é composto por todos os 19 ministros das Finanças na zona euro e é habitualmente presidido por um ministro em funções. Ou seja, para se ser presidente do Eurogrupo não se abdica das funções governativas no Estado de origem. O mandato do holandês Jeroen Dijsselbloem termina, no máximo, em janeiro, sendo que pode ser antes uma vez que o seu partido perdeu as eleições legislativas nacionais e o Executivo holandês aguarda substituição.

Em todo o caso, lembra Mário Centeno à CNBC: a substituição do líder do Eurogrupo “é uma decisão a ser tomada pelos 19 membros do Eurogrupo”. Tudo está em aberto, mas a porta não está fechada.

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No início do mês de abril, o semanário Expresso noticiou que o ministro português estava a ser sondado para o cargo. Mas António Costa depressa chamou o ministro assim e procurou afastar a ideia. “Não temos como prioridade a candidatura do Dr. Mário Centeno”, disse na altura, lembrando os grandes desafios a que as Finanças portuguesas têm de se dedicar.

Centeno sondado para Eurogrupo. Mas Costa não quer

Sobre a saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos, Mário Centeno disse àquele canal de notícias norte-americano que se trata de “um passo muito importante” para “quebrar um impasse” em que Portugal se encontrava. “É um sinal de que estamos mesmo num caminho diferente”. Agora, disse, é preciso mais, nomeadamente mais ao nível dos mercados financeiros, para que as agências de rating possam vir a melhorar a notação do país — tirando-o do lixo. “Temos de fazer um trabalho maior com as agências de rating”, sublinhou.