Fábio Silva, 34 anos, está emigrado no Reino Unido e vive a cerca de uma hora de Manchester. Na noite desta segunda-feira, foi com a filha adolescente assistir ao concerto que a norte-americana Ariana Grande dava na arena da cidade. Quando o concerto estava a acabar, disse à filha que era melhor começarem a dirigir-se à saída, para saírem do recinto antes da confusão típica dos momentos finais. Foi aí que ouviu um barulho e várias pessoas a gritar, correr e a chorar.

Só quando ouvi as pessoas a gritar e as crianças a chorar é que percebi que era grave. Agarrei na mão da minha filha e só queria tirá-la dali. Só pensei em tirá-la dali e em sair de perto daquela zona o mais depressa possível”, disse o madeirense ao Observador, numa conversa telefónica ocorrida momentos depois da explosão.

Fábio Silva contou que estava no corredor quando ouviu “um grande estrondo” e que olhou para trás julgando tratar-se de música ou outro som. Foi aí que viu “as crianças todas a chorar e a gritar”. “Só peguei na minha filha e começámos a correr pelas escadas abaixo. Foi tudo tão rápido e quando chegámos à estrada, a rua já estava cheia de pessoas a chorar e a gritar. Estavam desesperados à procura dos filhos e a gritar por todo o lado. Havia polícia e ambulâncias por todo o lado”, disse.

O madeirense diz que ainda ouviu mais um “estrondo” e que as pessoas começaram a correr outra vez, mas que a intensidade deste não foi tão grande como a do primeiro. Foi nesse momento que foi buscar o carro que tinha deixado no parque de estacionamento. “Quando estávamos a sair vi crianças com a cabeça a sangrar e o pessoal no chão. Vi pessoas em choque, outras pessoas desmaiaram, mas não vi pessoas gravemente feridas. Vi algumas cobertas com sangue, camisas com sangue, mas talvez fosse do pânico, com as pessoas a passarem por cima umas das outras. Penso que foi do pânico”, disse.

Fábio sublinhou que o controlo de segurança no local não tinha sido elevado e que a única coisa que os agentes de autoridades tinham feito foi abrir a mala da filha à chegada. “Não havia detetor de metais”, disse.

De acordo com um comunicado da Polícia Metropolitana de Manchester, as explosões no concerto de Ariana Grande causaram 19 mortos e cerca de 50 feridos. A Polícia confirmou que o incidente está a ser encarado como um ato terrorista, até que a polícia tenha outras informações.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR