Alguns edifícios onde se localizam ministérios brasileiros, em Brasília, foram incendiados e pilhados nesta quarta-feira durante um protesto contra o Presidente Michel Temer. Imagens transmitidas pela televisão mostram que foram destruídas as fachadas dos ministérios de Minas e Energia, dos Transportes, da Agricultura, do Meio Ambiente da Cultura e do Planejamento.

Com o agravamento dos confrontos, o Governo brasileiro deu ordem de evacuação de todos os edifícios da Esplanada dos Ministérios e chamou um contingente militar para ajudar a proteger os edifícios do executivo. A manifestação começou pacífica, mas rapidamente degenerou em violência cerca das 13h30 locais (15h30 em Lisboa), quando os manifestantes tentaram aproximar-se do Congresso.

O ministro da Defesa brasileiro Raul Jungmann, anunciou durante a tarde que Temer decretou a “ação de garantia da lei e da ordem” na Esplanada dos Ministérios onde se registaram violentos confrontos entre polícias e manifestantes.

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Segundo o ministro, as tropas federais passarão a reforçar a segurança no local, onde os edifícios estavam a ser evacuados por ordem do Governo.

Jungmann disse ainda que o chefe de Estado brasileiro considera “inaceitáveis” os desacatos e o “descontrole” registados no protesto. “Ele [Michel Temer] não permitirá que atos como este venham a turbar um processo que se desenvolve de forma democrática e com respeito as instituições”, acrescentou.

Os organizadores da manifestação, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), reivindicam a presença de pelo menos 150 mil pessoas. O protesto visava inicialmente protestar contra reformas liberais promovidas pelo Governo, mas nos últimos dias o pretexto passou também a ser a destituição de Michel Temer e a realização de eleições diretas no país.

Michel Temer chamou as tropas federais para conter os protestos em Brasília. O exército deve ficar nas ruas da cidade pelo menos até ao dia 31 de maio (Victor Moriyama/Getty Images)

De acordo com a Folha de São Paulo, apesar de os confrontos terem envolvido bombas de gás e balas de borracha por parte da polícia, e o arremesso de pedras e paus o lado dos manifestantes, não há casos graves a assinalar, à exceção de um homem que vai ter de ser submetido a uma cirurgia reconstrutiva da mão, na sequência da explosão de um foguete, e de outro, que terá sido baleado (não são conhecidos mais detalhes).

“Foi acionado o Plano de Catástrofe, que envolve os Hospitais de Base, Hospital Regional da Asa Norte e Hospital Universitário de Brasília. Os casos de traumas mais graves são tratados no Base e os outros dois hospitais funcionam como suporte. Houve casos menos graves, de ferimentos com tiro de borracha e outros do tipo, que estão sendo levantados”, disse a Secretaria de Saúde à Folha.