As conversas para preparar um Governo que irá suceder ao de Michel Temer envolvem não só os principais partidos brasileiros, mas também os ex-presidentes. Segundo avança o jornal Folha de S. Paulo, Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e Lula da Silva estão diretamente envolvidos em conversas supra-partidárias que procuram encontrar uma solução de consenso para um novo Governo. Este cenário pode materializar-se com a perda do mandato do atual presidente, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral que está a avaliar um processo contra o resultado das últimas eleições presidenciais de 2014.

Estas conversas estão a evoluir, em paralelo com as discussões entre os três principais partidos, o PMDB — o partido do atual presidente, o PSDB e o PT, e duram já há uma semana, desde que foi revelado o conteúdo explosivo da denúncia (delação premiada) do empresário Joesley Batista do grupo JBS. E um dos objetivos, diz o jornal, é ultrapassar o limiar das discussões partidárias, já que cada força política parece apostar numa via distinta para esta situação. Uma das questões que está em cima da mesa é a realização de eleições diretas, o que exigiria uma alteração à Constituição brasileira já pedida por alguns políticos, ou indireta, através do voto secreto dos deputados e senadores, para resolver o impasse.

Em declarações à Folha, o senador do PT, Jorge Viana, sublinha que neste momento “o Brasil exige o que temos de melhor e não o que temos de pior”.

Da parte do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), Fernando Henrique Cardoso surge como a principal referência que está a tentar estabelecer pontos de contacto com o Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula da Silva e Dilma Rousseff, embora o nome da presidente, destituída há um ano, não seja referido pelo jornal brasileiro. Henrique Cardoso é também apontado como um interlocutor importante junto do presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, Gilmar Mendes, que terá um papel fundamental numa solução que passe por uma saída institucional de Michel Temer.

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O atual presidente brasileiro recusou demitir-se do cargo, apesar de ter sido pessoalmente comprometido na autorização de pagamento de subornos a políticos, através do grupo JBS. Esta quarta-feira à noite, a pressão popular contra Michel Temer conheceu uma nova escalada com protestos violentos na capital, Brasília, que levaram o Governo a pedir a intervenção das forças armadas depois dos manifestantes terem atacado alguns edifícios governamentais.

Manifestantes incendeiam edifícios e pilham ministérios em protesto contra Michel Temer