Os chefes de Estado e de Governo da NATO reúnem-se esta quinta-feira em Bruxelas, numa cimeira dedicada ao combate ao terrorismo e à partilha de encargos no seio da Aliança, que assinala a estreia do presidente norte-americano, Donald Trump.

A NATO vai também juntar-se à coligação internacional contra o grupo radical Estado Islâmico, anunciou o secretário-geral, Jens Stoltenberg, algumas horas antes de uma cimeira. Esta decisão, pedida há muito tempo pelos Estados Unidos que lideram a coligação anti Estado Islâmico, “vai enviar uma forte mensagem política de unidade na luta contra o terrorismo”, disse Stoltenberg. Mas “isso não significa que a NATO se vai envolver em operações de combate”, disse numa conferência de imprensa em Bruxelas.

Na conferência de imprensa na véspera da cimeira da NATO, na quarta-feira, o secretário-geral comentou que depois do ataque em Manchester, “que teve como alvos diretos crianças, jovens e suas famílias”, é mais importante que nunca que “os Aliados enviem uma mensagem de que permanecem unidos na luta contra o terrorismo”.

Numa reunião ao mais alto nível que juntará 29 líderes — aos 28 países membros junta-se Montenegro, que no início de junho tornar-se-á o 29.º aliado — e que marca também a estreia do recém-eleito presidente francês, Emmanuel Macron, e o regresso a Bruxelas do controverso presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, Portugal estará representado pelo primeiro-ministro, António Costa.

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Os dois grandes temas em agenda são o aumento das despesas em Defesa pelos europeus e canadianos e um papel maior da NATO no combate ao terrorismo e ao grupo extremista Estado Islâmico em particular. Ambos foram “exigências” da nova administração norte-americana liderada por Trump, que durante a campanha eleitoral que o levaria à Casa Branca classificou de “obsoleta” a Aliança Atlântica, discurso que entretanto inverteu.

Donald Trump deverá ainda enfrentar o desagrado da primeira-ministra britânica sobre a forma como os serviços secretos americanos estarão a divulgar dados do atentado de Manchester. Segundo a imprensa britânica, Theresa May e as autoridades britânicas ficaram furiosas com a divulgação pelo New York Times de imagens da bomba usada, tendo manifestado receios de que essa revelação possa prejudicar as investigações. Estas imagens terão sido fornecidas pelos serviços secretos americanos que as obtiveram dos colegas britânicos.

A discussão sobre o reforço do combate ao terrorismo terá lugar três dias depois do atentado na Arena de Manchester, reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico, que provocou pelo menos 22 mortos e 59 feridos.

O outro grande dossiê em cima da mesa é o da partilha de encargos, face à insistência de Washington para que os seus aliados contribuam mais para o financiamento da organização, respeitando o compromisso assumido na cimeira do País de Gales em 2014 de, no espaço de uma década, aumentarem a despesa em Defesa para pelo menos 2% do Produto Interno Bruto (PIB).

Na semana passada, por ocasião de uma reunião em Bruxelas, o ministro da Defesa, José Alberto Azeredo Lopes, disse que Portugal espera que não haja “demasiada insistência” na questão orçamental, no quadro da partilha de encargos entre os membros da Aliança Atlântica, e que seja feita igualmente uma “avaliação qualitativa” dos esforços e contributos do país.

“Temos a certeza de que vamos convencer os nossos aliados de que Portugal cumpre essencialmente as suas obrigações e também demonstrarmos que uma avaliação qualitativa do nosso esforço é de elementar justiça, além das (avaliações) métricas e do reforço do investimento, que nós, aliás, temos mais ou menos como adquirido que pode ter que ser reforçado”, afirmou.

Aproveitando a primeira deslocação de Trump a Bruxelas desde a sua tomada de posse, em janeiro passado, os presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do Conselho Europeu, Donald Tusk, reunir-se-ão também, hoje de manhã, com o presidente norte-americano, para uma (muito breve) discussão sobre as relações UE-EUA, também elas “beliscadas” por declarações polémicas de Trump, como o seu apoio à saída do Reino Unido do bloco europeu.

As cerimónias na NATO, incluindo a inauguração simbólica do novo “quartel-general” da organização (que não ficou pronto a tempo de receber esta cimeira), têm início cerca das 16h00 locais (15h00 de Lisboa), e os líderes terão um jantar de trabalho a partir das 17h45, devendo a reunião terminar cerca das 21h00.