O Ministério Público Federal (MPF) brasileiro ordenou a detenção de um ex-gerente da Petrobras e ex-banqueiro, que terão tentado corromper o empresário português Idalécio Oliveira. São os dois suspeitos dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e fuga de capitais. O mandado de captura faz parte da nova fase da Operação Lava-Jato, a 41.ª.

Trata-se do ex-gerente da Petrobras Pedro Augusto Cortes Xavier Bastos, que foi preso preventivamente na manhã desta sexta-feira; e do ex-banqueiro José Augusto Ferreira dos Santos, que as autoridades não conseguiram localizar. Segundo o G1, o ex-banqueiro, que tem ordem de prisão temporária, deverá entregar-se ainda na tarde desta sexta-feira.

Segundo a investigação do MPF, os dois homens em causa terão recebido mais de 4,9 milhões de euros de subornos em 2011 na compra de campos de petróleo no Benim à empresa Companie Beninoise des Hydrocarbures (CBH), de Idalécio Oliveira.

A investigação decorreu com o auxílio das autoridades suíças que, segundo o MPF, enviaram para o Brasil documentos que “comprovaram o pagamento de subornos no total de 10 milhões de dólares [8,95 milhões de euros] para concretizar a aquisição da Petrobras de um campo de petróleo no Benim, em África, por 34,5 milhões de dólares [30,9 milhões de euros]”. O comunicado do MPF diz ainda que as “evidências” apontam “para o facto de que quase um terço do valor do negócio foi pago em propinas [subornos]”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os pagamentos terão sido intermediados pelo lobista João Augusto Rezende Henriques, do PMDB, partido de Michel Temer. João Augusto Rezende Henriques está preso desde 2015, depois de ter sido condenado a sete anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, também no âmbito da Operação Lava-Jato.

O dinheiro terá circulado da CBH para a Lusitania Petroleum LTD, uma holding de Idalécio Oliveira. De seguida, os 10 milhões de dólares (ou seja, o valor total dos subornos) passaram da Lusitania para a offshore Acona, de João Augusto Rezende Henriques. Daí, passou para várias contas offshore. Neste momento, de acordo com o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava-Jato, ainda é desconhecido o paradeiro de mais de 4,3 milhões de euros.

Idalécio Oliveira foi absolvido apesar de “dúvida razoável”

Apesar de o nome de Idalécio Oliveira estar envolvido neste esquema, o juiz Sérgio Moro absolveu-o esta quinta-feira dos crimes corrupção ativa e lavagem de dinheiro, por ter entendido que não havia provas suficientes de que o empresário português tinha agido com dolo.

“Há uma dúvida razoável acerca de seu conhecimento de que a comissão paga a João Augusto Rezende Henriques seria em parte destinada a agentes públicos. Ainda que isso pareça provável, não foi provado com certeza. Assim, deve ser absolvido”, lê-se na sentença.

Idalécio Oliveira tem 64 anos e vive em Vouzela. Em abril de 2016, o seu nome apareceu na lista dos Panama Papers.

Há um português envolvido no escândalo das offshores revelado pelos “Panama Papers”