O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo (PAIGC) acusou neste sábado o Presidente guineense, José Mário Vaz, de ter ordenado o “uso desenfreado de força e repressão” sobre os manifestantes que protestaram em Bissau.

“Gorada a tentativa de impedir a realização da marcha, esgotados todos os argumentos legais e inconstitucionais para o efeito, José Mário Vaz ordenou ao seu Governo, a mobilização de uma carga mista, policial e militar, e o uso desenfreado da força e da repressão, tendo resultado no ferimento grave de várias dezenas de manifestantes e ainda prisão de outros tantos”, afirmou o presidente do partido, Domingos Simões Pereira.

Domingos Simões Pereira falava aos jornalistas em conferência de imprensa convocada após os confrontos registados hoje entre a polícia e os manifestantes que participaram num protesto contra o Presidente guineense.

A polícia dispersou os manifestantes com bombas de gás lacrimogéneo e bastonadas, após aqueles lhes terem atirado água, pedras e começado a queimar pneus. Os manifestantes alegam que reagiram assim depois de a polícia ter espancado um grupo de jovens que tentava chegar mais próximo da Praça dos Heróis Nacionais, onde está localizada a Presidência guineense. “O PAIGC condena veementemente os atos perpetrados contra civis desarmados que de forma pacífica expressavam o seu inconformismo e repúdio ao regime em curso de implantação, reclamando a restauração da ordem democrática”, salientou.

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Na conferência de imprensa, Domingos Simões Pereira exigiu a libertação imediata e incondicional de “todos os cidadãos detidos” e responsabilizou “José Mário Vaz por todas as implicações e consequências decorrentes” daquele ato “irrefletido e irresponsável”. Domingos Simões Pereira exigiu também a criação de uma comissão de inquérito para apurar detalhadamente as “circunstâncias e causa do uso da força policial e militar e a responsabilização individual e institucional dos perpetradores do ato de violência”.

À comunidade internacional, o presidente do PAIGC alertou para que acompanhe todas as ocorrências e a “correspondente responsabilização por todos os crimes contra os direitos humanos, tanto a pessoas singulares como às respetivas instituições”. Domingos Simões Pereira lembrou que o “povo tem direito à manifestação e à expressão da sua vontade soberana” e que cabe às “instituições e respetivos titulares, criarem condições objetivas para que essa manifestação seja livre e pacífica”.

O PAIGC, afirmou Domingos Simões Pereira, “exorta ao povo guineense para não baixar os braços, para não ter medo de ser livre e a lutar pela liberdade, sempre de forma pacífica e ordeira, mas com empenho e determinação”.

Aos militantes do partido, Domingos Simões Pereira pediu para aguardarem serenamente, mas mobilizados, pelas decisões da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) a serem anunciadas na cimeira de chefes de Estado e de Governo a realizar a 04 de junho em Monróvia, Libéria.