O previsível aumento de imigrantes ilegais que tentam entrar em Portugal no verão está a obrigar a um reforço de segurança nas fronteiras, sobretudo nos aeroportos, disse esta quarta-feira à Lusa o diretor regional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

“Há sempre alguém que pensa que devido ao fluxo enorme de pessoas poderão escapar-se mais facilmente ao controlo de segurança e circular no nosso espaço com documentação falsa”, disse Paulo Torres, sublinhando que nesta altura há um reforço de “caráter securitário para evitar a utilização abusiva dos movimentos migratórios”.

O responsável, que falava à Lusa em Albufeira, à margem das jornadas Turismo e Segurança, disse, durante a apresentação da sua comunicação, que, durante a época de verão, as fronteiras aéreas de todo o país são reforçadas “no mínimo em 50% do seu efetivo”, para evitar essas situações.

Paulo Torres sublinhou que esta é a altura mais preocupante do ano, uma vez que “com a vinda massiva de imigrantes temporários, que são os turistas, há outros que vêm, aproveitando a sua presença, para tirar proveito próprio, não pelas vias mais legais”, o que leva a que haja um “aumento exponencial” da deteção de documentação fraudulenta nas fronteiras nacionais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os dados registados no Algarve acompanham os do resto do país e a região não constitui uma “referência expressiva” para as redes de auxílio à imigração ilegal, uma vez que estas utilizam “os vários canais e os vários aeroportos para tentar meter os imigrantes noutros destinos mais apetecíveis”.

Esta realidade está também ligada à angariação de mão de obra ilegal, que dispara no verão, porque Portugal “é um país de turismo e precisa de mão de obra suplementar”, sendo “natural que haja um aproveitamento das redes neste sentido”, concluiu.

Já Elsa Trindade, inspetora-chefe da Unidade Operacional da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) em Faro, referiu que durante o verão quadruplicam as denúncias enviadas àquele organismo, mas assumiu que não se consegue averiguar todas.

“Chegamos a ter 70 ou 80 denúncias por semana, normalmente recebemos 20 a 30 na restante época, fora as reclamações”, estimou, acrescentando que as denúncias com referência a intoxicações alimentares têm prioridade.

Também o líder da maior associação hoteleira da região, Edlidérico Viegas, aproveitou a ocasião para alertar para a necessidade de um reforço policial e de outros agentes da segurança no Algarve durante todo o ano e não apenas na época balnear.

As jornadas “Turismo e Segurança” foram promovidas pelo Rotary Clube de Albufeira, em parceria com a Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) e a Universidade do Algarve.