O número de trabalhadores que ganham o salário mínimo nacional aumentou para os 730 mil em março deste ano face ao período homólogo, mais 88,9 mil trabalhadores, representando 22,9% do total.

Depois da subida do salário mínimo para os 557 euros em janeiro deste ano, o quinto relatório de acompanhamento da remuneração mínima mensal garantida, que o Governo apresentou esta quinta-feira aos parceiros sociais, dá conta de que, em março de 2017, “havia cerca de 730 mil trabalhadores abrangidos” por esta remuneração.

Isto representa um crescimento homólogo de 13,9%, ou seja, mais 88,9 mil pessoas, refletindo uma subida inferior à observada em março de 2016, quando o número de trabalhadores a ganhar o salário mínimo em vigor na altura aumentou 24,4% (ou 125,5 mil pessoas). Em termos relativos, a proporção de trabalhadores que ganhavam o salário mínimo em março de 2017 representava 22,9% do total de trabalhadores, um aumento de 2,2 pontos percentuais comparando com o mesmo período de 2016.

No documento entregue esta quinta-feira aos parceiros sociais, o Governo indica que o crescimento do volume de trabalhadores abrangidos pela remuneração mínima mensal garantida resultante desta atualização [de janeiro de 2017] foi inferior ao que resultou quer da atualização de 2016 (+3,1 pontos percentuais) quer da atualização de outubro de 2014 (acima de 4,0 pontos percentuais).

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Quanto aos novos contratos, foram iniciados cerca de 262,5 mil contratos de trabalho no primeiro trimestre deste ano, mais 19% face ao mesmo período de 2016, segundo o relatório que dá ainda conta de que “o número de contratos cessados no âmbito do Fundo de Compensação do Trabalho foi de 150 mil (+7,6% do que no primeiro trimestre de 2016)”.

Mais de 40% dos contratos iniciados entre janeiro e março (40,7%) “tiveram remuneração base mensal igual à remuneração mínima mensal garantida, o que representa um aumento de aproximadamente 3,4 pontos percentuais face à proporção observada no primeiro trimestre de 2016”.

O documento recorre a dados de janeiro para traçar o retrato do trabalhador que ganha o salário mínimo: são sobretudo mulheres (53,7% do total de trabalhadores que auferem esta remuneração), que têm entre 35 a 44 anos (27,5% do total) ou entre 45 a 54 anos (25,4% do total) e têm apenas o ensino básico de escolaridade (70,4% do total).

O quinto relatório de acompanhamento inclui pela primeira vez uma análise setorial, concluindo-se que, em janeiro de 2017, os trabalhadores que ganhavam o salário mínimo nacional “concentravam-se predominantemente nas indústrias transformadoras (21,6%, num setor que representa 20,7% do emprego total), no comércio por grosso e a retalho, na reparação de veículos automóveis e motociclos (20,9%, num setor que representa 19,9% do emprego total)”. Além disso, verifica-se que há “uma sobre-representação dos trabalhadores abrangidos pela remuneração média mensal garantida no setor da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca”.

Estas atividades abrangiam, em janeiro, “cerca de 2,4% dos trabalhadores, ao passo que, no escalão de remuneração equivalente à remuneração média mensal garantida, abrangiam 3,7% dos trabalhadores”.

O salário mínimo esteve congelado nos 485 euros entre 2011 e outubro de 2014, quando o anterior governo PSD/CDS o aumentou para os 505 euros, na sequência de um acordo estabelecido entre o executivo, as confederações patronais e a UGT.

A contrapartida para os patrões foi uma descida de 0,75 pontos percentuais na Taxa Social Única (TSU) aplicada aos salários mínimos e paga pelas empresas. Já com o executivo de António Costa, o valor do salário mínimo foi aumentado duas vezes – para os 530 euros em 2016 e para os 557 em 2017 -, sendo objetivo assumido pelo Governo continuar a subir o seu valor gradualmente até atingir os 600 euros em 2019.

Se para o aumento de 2016 não foram acordadas contrapartidas para os patrões, no de 2017 a solução encontrada para compensar as empresas pelo aumento dos encargos decorrentes da subida do salário mínimo foi uma redução nos pagamentos especiais por conta.