O cientista Filipe Duarte Santos considera que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre alterações climáticas, a concretizar-se, será um ato de “grande egoísmo” mas não condenará o compromisso ao falhanço.

Em declarações à agência Lusa, o especialista em alterações climáticas afirmou que a saída, “a concretizar-se, será uma notícia muito negativa para o mundo e uma manifestação de grande egoísmo da maior economia mundial e do país com maior poderio militar”.

Filipe Duarte Santos, físico e presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, considera que as alterações climáticas são “na sua raiz um problema de natureza ética e moral, porque vão afetar os países mais pobres, em vias de desenvolvimento”.

Além disso, frisou, inverter o caminho do aquecimento global é uma responsabilidade perante “as gerações futuras”, que, se nada for feito, irão herdar “um clima muito diferente, com efeitos nas zonas costeiras, dificuldades de saúde e falta de segurança alimentar” No entanto, afirmou que “o acordo vai prevalecer”, salientando a “capacidade de decisão política da China e da União Europeia” e a necessidade de os outros países assumirem “compromissos mais exigentes” para compensar a falta dos Estados Unidos.

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A confirmar-se, a saída “não vai condenar o acordo ao falhanço, vai dificultar o cumprimento dos objetivos”, o principal dos quais, a partir de 2020, manter abaixo dos dois graus centígrados a subida da temperatura média atmosférica” desde a época pré-industrial. Se saírem, os Estados Unidos serão o terceiro país fora do acordo, a par da Síria, dilacerada por uma guerra civil, e a Nicarágua, que recusou assinar por considerar que os países não-cumpridores não são suficientemente penalizados.

Os restantes signatários devem “manter-se firmes a defender o que foi assinado”, considerou o físico português, que foi um dos revisores do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas. Fonte da Casa Branca anunciou na quinta-feira que o Presidente dos EUA, Donald Trump, vai formalizar a saída do país do acordo de Paris sobre alterações climáticas e estava a estudar como concretizar a decisão, devendo fazer uma declaração esta quinta-feira.