O maior terminal marítimo de Macau entrou em funcionamento na quinta-feira e, nas primeiras impressões dos passageiros, é o tamanho que salta à vista. “É enorme, é tão grande como um aeroporto”, descreveu Shreya, acompanhada pela família indiana e rodeada por malas, no fim da primeira visita a Macau, de onde se preparava para partir pela hora de almoço.

Já para David, um turista inglês, que também escolheu Macau como destino pela primeira vez, o terminal — que ocupa uma área de 200 mil metros quadrados — constitui um “desperdício de espaço”. À exceção da fila, formada por dezenas de pessoas no balcão para o ‘check-in’ das bagagens dos passageiros com destino ao aeroporto de Hong Kong — onde estavam, aliás, Shreya e David –, a infraestrutura encontrava-se praticamente vazia.

Hung, natural de Hong Kong, também falou do tamanho, mas de uma perspetiva positiva. “É muito melhor do que antes, menos sobrelotado”, afirmou, antes de embarcar para Shenzhen, na China, após uns dias de férias em Macau, fazendo uma comparação com o terminal provisório, encerrado com a abertura do definitivo, localizado a poucos metros de distância, nas imediações do Aeroporto Internacional de Macau e paredes meias com o Cotai (zona de casinos entre as ilhas da Taipa e Coloane).

O terminal provisório — que vai ser demolido — foi erigido em 2007 para atenuar a pressão do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior (na península) antes da conclusão das obras do definitivo, pelo que agora houve apenas uma ‘transferência’ das operações. Para You, de 28 anos, natural da China, que descobriu, minutos antes, por um outro passageiro que o terminal entrou em funcionamento na véspera, a infraestrutura “é muito porreira” e os acessos são fáceis, havendo, além disso, “muita informação”.

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Shreya também afirmou gostar bastante do terminal, nomeadamente por ser “muito novo e muito limpo”, indicando que os funcionários foram muito atenciosos quando solicitados. Aliás, segundo um deles, o balcão de informações foi procurado por mais de uma centena de passageiros, com diferentes dúvidas, ora relativas à própria infraestrutura, ora aos acessos no exterior.

A ausência de espaços comerciais e de restauração não parece figurar entre as preocupações. Como observou Hung, “não é muito relevante” que ainda não estejam a operar, dado que “a maioria dos passageiros está com pressa”. Shreya partilhou a mesma opinião, porque também estava com o tempo contado.

Com capacidade para receber 400 mil passageiros por dia, a nova infraestrutura dispõe de 16 lugares de atracação, três cais multifuncionais e 127 canais de passagem fronteiriça, além de heliportos, embora não estejam a funcionar a 100%.

O novo terminal começou a ser construído em 2005, mas o projeto sofreu sucessivas alterações ao longo dos anos, como ampliação e mudança de finalidade (de terminal de apoio para posto fronteiriço principal) e uma série de peripécias, como a suspensão da obra pelo empreiteiro, elevando o orçamento até 3,8 mil milhões de patacas (426 milhões de euros), ou seja, mais seis vezes do que o inicial.

Dos 30,9 milhões de visitantes que Macau recebeu ao longo de 2016, mais de um terço (ou 10,7 milhões) chegaram por via marítima. No primeiro trimestre deste ano, 2,55 milhões de visitantes chegaram por via marítima a Macau, dos quais 957.631 pelo terminal provisório, que deu então agora lugar ao vizinho novo, estando o Governo confiante relativamente a uma procura crescente devido à melhoria das condições, dado que toda a operação, incluindo as rotas (para Hong Kong e Shenzhen) se mantém inalterada.