Os chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) reúnem-se este domingo em Monróvia, Libéria, na 51.ª sessão ordinária, estando previsto debater a crise política que se vive na Guiné-Bissau. O encontro está a criar expectativas entre os guineenses, que esperam uma resposta “inequívoca” para a resolução da crise no país, disse o analista Dautarian da Costa.

“A CEDEAO tem aqui uma oportunidade de apresentar uma proposta inequívoca para a saída da crise”, afirmou o sociólogo.

O analista referia-se ao cumprimento do Acordo de Conacri, bem como às ameaças de imposição de sanções aos políticos guineenses que criem obstáculos à sua implementação, feitas pela CEDEAO, no final de abril, após uma missão de avaliação ao país.

“A CEDEAO fez um ultimato, foi muito explícita nesse ultimato que fez, enquadrou esse ultimato, que não foi cumprido, e agora as pessoas esperam uma resposta inequívoca, uma resposta muito concreta face a esta situação”, explicou.

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Sobre o debate interno no país relacionado com a soberania da Guiné-Bissau e a autoridade que a CEDEAO tem de se imiscuir, Dautarian da Costa explicou que a comunidade tem, no caso guineense, uma “missão histórica de consolidar o seu papel”, enquanto organização promotora da democracia e da estabilidade governativa dos seus Estados-membros.

“O problema da Guiné-Bissau, não é um problema só da Guiné-Bissau. A questão da soberania não se coloca a partir do momento em que entramos num espaço que é um concerto de vários países, porque quando entramos nesse espaço cedemos uma parte da nossa soberania para que nos juntemos para resolvermos uma série de problemas comuns e criemos também espaços de concertação e cooperação recíproco”, sublinhou.

Para o analista, se a “CEDEAO não se constituir enquanto esse espaço motor, acaba por perder relevância”, principalmente devido ao historial de “posições muito dúbias” que tem assumido em relação aos problemas da Guiné-Bissau.

“Mas, neste caso, tem de facto de assumir uma posição enérgica, porque não se trata apenas de um problema da Guiné-Bissau. As nossas crises têm vulnerabilizado a Guiné, mas também a região, mais especificamente esta sub-região”, sublinhou, referindo-se a problemas como o crime organizado e o radicalismo islâmico.

Para Dautarian da Costa, a CEDEAO “chegou a um ponto que tem de se assumir de facto enquanto um espaço promotor da resolução de problemas”.

“Acho que é isso que se joga aqui. Joga-se aqui um momento em que (a organização) se vai credibilizar definitivamente ou perder definitivamente a credibilidade enquanto organização”, afirmou.

Por isso, disse, a “expectativa é se vai haver uma rutura na forma convencional da CEDEAO atuar em relação à Guiné-Bissau ou se vai continuar tudo na mesma e vão criar uma série de artifícios dúbios para simular que o problema está a ser resolvido e com isso o prolongar”.

“As cartas estão na mesa e é uma situação limite. As decisões que eles vão tomar podem influenciar a estabilidade do país”, concluiu.