A polícia federal brasileira deteve este sábado o deputado Rodrigo Rocha Loures, que atuou como intermediário nas reuniões entre o presidente brasileiro e um empresário que acusa o mandatário de corrupção, informaram fontes oficiais.

Rocha Loures, que desde que em setembro passado Michel Temer assumiu a presidência passou a ocupar um gabinete no mesmo piso que ele, é descrito pela imprensa brasileira como “assessor especial” do presidente. Mais: em Brasília, o deputado do Paraná é tido como uma espécie de “homem-bomba”, aquele que pode colocar em causa todo o governo Temer.

Rocha Loures, além de ser o intermediário nas reuniões entre Temer e Batista, protagonizou também uma das cenas mais insólitas do escândalo em torno do presidente.

Há dois meses, quando era vigiado pela polícia federal, o homem, da maior confiança do presidente, foi filmado a reunir-se com um emissário do empresário Joesley Batista, do grupo JBS, num restaurante de São Paulo, a receber uma mala e a correr depois em direção a um táxi.

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A mala, segundo admitiu depois o próprio deputado, continha 500 mil reais (perto de 140 mil euros), que correspondiam a subornos que o grupo JBS pagava aos próximos de Temer, confessou Batista no âmbito de um acordo de cooperação judicial.

A detenção do deputado foi autorizada pelo magistrado Luiz Edon Fachin, responsável pelas investigações da rede de corrupção na empresa estatal Petrobras no Supremo Tribunal, tendo também já sido iniciada uma investigação ao próprio Temer devido às ramificações do caso.

Segundo suspeita do Ministério Público, Rodrigo Rocha Loures pode ter incorrido nos delitos de corrupção passiva, obstrução à justiça e associação ilícita, o que se pode depreender das conversas que teve com Batista, gravadas por este e cujos áudios estão no Supremo Tribunal.

Segundo a agência Efe, Batista também disse que pagava comissões ilegais a Temer em troca de favores políticos ao seu grupo desde 2010 e que essa relação ilícita se manteve desde que o governante assumiu o poder, em maio passado, quando teve início o processo que acabou com a destituição da presidente eleita, Dilma Rousseff.

As confissões de Batista e de outros executivos da JBS, um dos maiores produtores e exportadores de carnes do mundo, levaram toda a oposição a exigir a renúncia de Temer, o que o presidente recusa, alegando que provará a sua inocência nos tribunais.